Fátima: Aparições aconteceram num dos anos “mais complicados da história» do século XX

Santuário está a promover curso de verão centrado em São Francisco Marto

Fernando Rosas; Foto Santuário de Fátima

Fátima, 10 jul 2019 (Ecclesia) – O historiador Fernando Rosas disse hoje no início do Curso de Verão 2019 do Santuário de Fátima que as aparições aconteceram num dos anos “mais complicados de sempre da história de todo o século”.

Fernando Rosas, professor do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, destacou da história de Portugal dois acontecimentos que “coincide com a vida de Francisco Marto”, a Revolução de 5 de Outubro 1910 e o “grande drama da Grande Guerra Mundial”.

“O que vai matar a Primeira República é a decisão suicidária de participar na primeira guerra mundial, é o erro fatal”, observou na apresentação do contexto histórico entre o ano do nascimento e o ano da morte do santo pastorinho vidente da Cova da Iria.

Segundo o historiador é da “aflição de miséria, de guerra, de morte, de doença” que saem duas coisas: “O milagre de Fátima e o golpe de Sidónio Pais”.

“Sai a tentativa de redenção espiritual através de um milagre que salve o país da guerra e do horror da guerra e sai a tentativa de redenção política através de um regime de autoridade, que vai ser o regime do Sidónio País”, explicou, assinalando que as aparições de Fátima aconteceram num dos anos “mais complicados de sempre da história de todo o século”.

Fernando Rosas realça os anos de 1917 e 1918 “talvez tenham sido dos anos mais complicados de toda a história do século XX”, há um “ambiente de tragédia nacional, de ansiedade, de tragédia” e a 1918 “soma a isto tudo a tragédia superlativa da pneumónica”, gripe que “mata mais gente que a guerra mundial”.

“A paz tão ameaçada nos nossos dias é um bem absolutamente superlativo, oxalá não tenhamos nunca mais de intervir numa guerra, seja colonial, seja internacional”, concluiu o historiador.

Fernando Rosas; Foto Santuário de Fátima

O Santuário de Fátima está a promover a 4.ª edição dos seus Cursos de Verão no ano em que se assinala o centenário de morte de São Francisco Marto, com “cerca de 110 formandos” das mais variadas áreas científicas, até esta sexta-feira, no Centro Pastoral de Paulo VI.

O vice-reitor do santuário destacou que este género de iniciativa está “ao serviço de uma das linhas de missão” do santuário mariano que é “promover a investigação, o estudo e a reflexão sobre o fenómeno de Fátima”.

“Numa outra linha de missão está a difusão, e procuramos fazer isso através de diversos ângulos de abordagem e em vários registos; Ao santuário interessa que investigadores, de várias áreas, estudem o fenómeno sem preconceitos e sem orientações predeterminadas e, por isso, independentemente do âmbito, o Santuário não tem requisitos para abrir as suas portas, e este curso é mais um sinal disso mesmo”, afirmou o padre Vítor Coutinho.

Segundo a informação enviada à Agência ECCLESIA, o coordenador dos Cursos de Verão explicou em que consistem as 12 unidades letivas e as duas visitas de estudo previstas.

“O auditório é composto por formandos com diferentes interesses, o que torna o desafio ainda mais interessante”, disse Marco Daniel Duarte que destacou as diversas áreas de estudo, como Jornalismo, Ciências da Educação, Ciências Religiosas, Turismo, Marketing, Engenharia Civil, Gestão, Medicina, Psicologia, Enfermagem, Física, Eletrónica, Belas Artes.

A primeira manhã terminou com o tema ‘Ser católico em Portugal nos inícios de Novecentos: identidade e práxis devocional’, pelo padre Adélio Fernando Abreu, da Diocese do Porto, doutorado em História Eclesiástica.

CB/PR

Fátima: Curso sobre a biografia e o contexto histórico de Francisco Marto

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