Falta vontade política para enfrentar as alterações climáticas

Responsável por organização internacional está em Portugal para lançar campanha «Let’s create a climate for justice» Falta vontade política para um acordo internacional que altere o comportamento dos países em matérias ambientais. A denúncia parte de Cliona Sharkey, da CIDSE, uma organização católica internacional para o desenvolvimento, que está em Portugal para lançar uma campanha contra as alterações climáticas. A responsável pela política da CIDSE para esta área afirma à Agência ECCLESIA que “os governos têm de perceber que não podemos lidar com a crise económica e depois querer lidar com as alterações climáticas”. Numa altura em que todos os países estão mergulhados numa crise económica e financeira, os líderes internacionais mobilizaram milhões de euros, “num curto espaço de tempo, com vista a estimular as economias, simplesmente porque havia vontade política para o fazer”. As alterações climáticas “estão na maioria das agendas políticas internacionais, o que é positivo”, constata a responsável internacional. No entanto adverte existir o risco de os governos se focarem apenas no emprego e na recuperação económica e relegar as alterações climáticas para segundo plano. “Devemos reconhecer que a quantia monetária gasta para travar as alterações climáticas é bem menor quando comparada com o dinheiro gasto nos estímulos económicos e em despesas militares”, diz. A campanha «Let’s create a climate for justice» – «Vamos criar um clima para a justiça» foi apresentada na tarde desta Quarta-feira, na segunda edição dos Dias do Desenvolvimento que hoje termina. Num workshop organizado pela Fundação Evangelização e Culturas, membro da CIDSE, Cliona Sharkey veio mostrar a Portugal que, noutros países onde a campanha foi já lançada, decorrem parcerias políticas e sociais para a consciencialização deste problema. A par do trabalho que a CIDSE e os seus membros desenvolvem junto das populações para mitigar os efeitos dos desastres naturais, esta organização católica pretende, através da campanha, intervir no processo internacional que decorre nas Nações Unidas para se chegar a um acordo internacional sobre alterações climáticas. “Este acordo internacional vai estabelecer a agenda dos políticos nesta área a nível global durante os próximos anos”, traduz Cliona Sharkey. A CIDSE e parceiros querem um acorde que reconheça a defesa e o direito ao desenvolvimento sustentável das populações nos países em desenvolvimento e o compromisso dos países industrializados em apoiar de forma adicional, segura e acessível a adaptação dos países em desenvolvimento ao impacto das alterações climáticas. A organização pede ainda a redução em pelo menos 30-40% das emissões de gás com efeito de estufa pelos países industrializados até 2020. Cliona Sharkey recorda que cientistas e economistas proeminentes alertaram para o facto de o preço a pagar pelas alterações climáticas “ser maior quanto mais tarde agirmos. Quanto mais tarde agirmos, mais vidas vamos perder”. A CIDSE é uma organização católica internacional para o desenvolvimento, com sede em Bruxelas. Tem membros em toda a Europa e no Norte da América. A Fundação Evangelização e Culturas tornou-se membro da coligação internacional em 2008 e é responsável pela promoção da campanha «Let’s create a climate for justice» em Portugal a favor de um acordo globalmente justo sobre as alterações climáticas.

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