Os cartórios paroquiais vão poder passar a ter pessoas com formação específica para a administração da paróquia. Os catequistas vão poder passar também a ter conhecimentos mais aprofundados sobre Catequética. E os trabalhadores dos centros sociais e paroquiais podem ficar mais preparados para exercerem uma profissão com contornos de missão. Tudo isto porque a Faculdade de Teologia, do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP), decidiu lançar, de forma pioneira no país, cinco novos cursos, para os quais já estão abertas as inscrições. Três das formações – com início no próximo ano lectivo, em Setembro – são cursos de extensão universitária e outros dois são de formação permanente. O primeiro curso é de Administração Paroquial e visa dar resposta à crescente necessidade das paróquias recorrerem ao serviço de leigos para assegurarem o funcionamento dos respectivos cartórios e trabalhos análogos. Assim, este curso – que vai decorrer ao longo de dois anos lectivos e com estágio integrado – vai dar formação básica para o desempenho daquelas tarefas, dotando o formando de competências técnicas e teológico-pastorais, para que saiba enquadrar o serviço que presta no contexto da vida paroquial. Este curso destina-se a pessoas que, tendo o 12.º ano de escolaridade, exerçam ou pretendam exercer funções em cartórios ou serviços paroquiais análogos. A formação será ministrada às sextas-feiras à noite e sábados de manhã. Para além de formação em português, informática, contabilidade, gestão, arquivística e relações humanas, o curso vai abordar a História da Igreja, Direito Canónico Aplicado, noções de eclesiologia, Sagrada Escritura, liturgia e introdução à Teologia. Outro dos cursos é Introdução à Catequética, que está a ser promovido e será coordenado entre a faculdade e o Departamento Arquidiocesano de Catequese. Com a duração de um ano lectivo, em que são ministradas três cadeiras por semestre, esta formação atende às novas exigências da evangelização e é dirigido a catequistas que já tenham frequentado outros cursos de catequese e, tanto melhor, o curso Teológico-Pastoral. Dentro dos cursos de extensão universitária, a Faculdade de Teologia decidiu lançar o de Cristianismo Social. Trata-se de uma formação destinada a todos os que já exerçam ou pretendam exercer funções assistenciais ou administrativas em Centros Sociais Paroquiais. Como são instituições com uma linha de orientação cristã, levantam exigências específicas aos colaboradores para além das suas competências técnicas. O curso vai decorrer em três semestres, às sextas-feiras à noite e sábados de manhã, tendo por cadeiras: História da Igreja; História da Assistência Social Cristã; Doutrina Social da Igreja; Eclesiologia prática; Antropologia Cristã; Introdução à Escritura; Introdução à Teologia Pastoral; Cristianismo e Sexualidade; e Espiritualidade Cristã. Na vertente da formação permanente, estão previstos dois cursos: Teologia Revisitada e Vida em Família. O primeiro é destinado a sacerdotes, teólogos e pessoas com formação superior. O segundo é dirigido às famílias e a cada um dos seus elementos. Ambos os cursos têm a duração de um ano lectivo. Ter um doutorado por cada dez alunos A Faculdade de Teologia em Braga, segundo o seu responsável, João Duque, «atingiu um nível considerável no seu corpo docente». Assim, acrescentou o director adjunto, «é preciso rentabilizar, não só na perspectiva económica», todo o potencial científico do corpo docente. Neste momento, caso raro ou até único no universo do ensino superior no país, ««a Faculdade de Teologia em Braga dispõe de um doutorado por cada dez alunos», frisou João Duque. Negando que tão alta percentagem de doutorados por aluno resulte num subaproveitamento do corpo docente (até porque muitos são sacerdotes com tarefas pastorais em paróquias), o director assinala antes a aposta na «expansão da actividade da faculdade para além dos cursos institucionais de Teologia e Ciências Religiosas», passando também ela a responder a necessidades da Igreja arquidiocesana. E o certo é que, após contactos com responsáveis pela Arquidiocese de Braga, João Duque sustenta que «havia algumas necessidades pastorais imediatas» que os cursos agora apresentados querem colmatar. Por outro lado, o curso Teológico-Pastoral, que já andou em périplo pela Arquidiocese de Braga, vai voltar a estar disponível só que, desta vez, centrado em Braga, uma vez que ainda é cedo para o voltar a repetir noutros pontos, referiu o responsável. «É difícil encontrar-se outro ponto da Arquidiocese que reuna gente suficiente que justifique a realização deste curso», acrescentou. Para o curso a iniciar-se em Setembro, João Duque avança que se está a registar «uma boa adesão por parte do Arciprestado da Póvoa de Lanhoso; uma razoável adesão de alguns párocos de Vila Verde e de Amares; e vamos contactar com uma zona mais fronteiriça de Barcelos e Guimarães que possa deslocar os participantes para Braga». Aquele responsável indica que será tentado que o curso Teológico-Pastoral se estabeleça de forma permanente em Braga, sem prejuízos de se realizar noutros pontos da Arquidiocese. «É algo difícil, mas vamos tentar», destacou. Quanto aos novos cursos e formações já enunciadas, João Duque que, no final, enquadrado com o sistema de Bolonha, há a possibilidade de se fazer avaliação e esta resultar em créditos universitários. Contudo, há a possibilidade de participar na formação apenas como ouvinte, sem necessidade de fazer exame final. Será possível, inclusive, construir a partir destes cursos uma pós-graduação, com a acumulação de um certo número de créditos e que terá de ser analisado caso a caso.