Arcebispo de Évora sente que é «um privilégio» ter o santuário da Rainha de Portugal, a Imaculada Conceição, mas lamenta desertificação da região
Évora, 07 dez 2020 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, sente que é “um privilégio” ter o santuário da Rainha de Portugal mas lamenta a desertificação do interior do Alentejo onde “só resta a Igreja”.
“Nas visitas pastorais que faço às comunidades do interior alentejano, ouço o desabafo que tudo foi partindo, encerraram os correios, ficou só o multibando, já não têm a possibilidade de apoio médico, porque o centro de saúde não presta serviço, e dizem-me: só resta a Igreja, quem vem cá é o senhor prior, não vem cá mais ninguém”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O prelado teve de interromper a visita pastoral a Elvas, no passado dia 13 de março, devido à pandemia, mas recorda que esta realidade de desertificação do Alentejo “exige um olhar atento” e a presença da Igreja é “mais que nunca muito importante”.
“Alguns acrescentam que “além da Igreja temos o cemitério”, esta é uma realidade que exige um olhar atento porque não podemos esquecer o investimento nas pessoas, na maior riqueza de Portugal, o povo, as gentes, as pessoas… quando se abandona o interior, não há política correta, a desertificação paga-se caro”, considera.
O arcebispo de Évora defende que o interior “merecia uma discriminação positiva, para que fosse apelativo investir no interior” e destaca que as visitas pastorais são sempre momentos altos da vida da arquidiocese.
“Aí, a Senhora da Conceição é sempre quem vai à frente, assume a referência, modelo de evangelização, chega em cortejo automóvel, recebida em festa, percorre as ruas das aldeias, e fica na igreja paroquial na primeira semana de visita”, descreve.
D. Francisco Senra Coelho conta ainda que nas visitas pastorais em cada paróquia, com semana de preparação e semana de missão, o arcebispo vai sempre na companhia da imagem da Senhora da Conceição, “padroeira da arquidiocese”.
“Temos o privilégio de ter este santuário, da Rainha de Portugal, onde podemos fazer uma referência provada da sua fidelidade como mãe e inspirar a ser uma Igreja fiel à vocação de maternidade”, aponta.
O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, a qual declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.
A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhara destaque em 1385, quando as tropas comandadas por D. Nuno Alvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota.
Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.
A antiga igreja de Nossa Senhora do Castelo, espaço onde se ergue atualmente o santuário nacional, afirmou-se nos finais do século XIV como o primeiro sinal desta devoção, em toda a Península Ibérica.
HM/SN/OC
Igreja/Sociedade: Imaculada Conceição, um feriado com história portuguesa