Évora: «É necessário uma sensibilidade muito atenta aos frágeis», afirma arcebispo no contexto do triénio da «esperança»

D. Francisco Senra Coelho disse o Alentejo precisa de uma «uma Igreja em saída» 

Foto Pedro Miguel Conceição/a defesa

Évora, 07 out 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora convocou a arquidiocese para um triénio dedicado à esperança e afirmou que que “é necessário” serem “uma Igreja em saída para regressar com a consciência” que deixaram “o abraço da comunidade e da fraternidade solidária”.

“Parece-me que é necessário que a Igreja, que tem esta riqueza tão grande que é o amor de Deus, o amor de Jesus, se dê a conhecer. Eu acredito que a Igreja não é conhecida por muita gente na sua beleza mais profunda e por isso mesmo não chega ao encontro daqueles que necessitam e um sentido para vida”, disse D. Francisco Senra Coelho.

No final do Dia da Igreja Diocesana, que marcou o arranque do Ano Pastoral 2019-2020 na Arquidiocese de Évora, o arcebispo observou que estão num território alentejano onde “as taxas de suicídio são muito elevadas, um território marcado por “uma população em desertificação, em diminuição, e com crescentes índices de terceira idade”.

“É necessário uma sensibilidade muito atenta aos frágeis, aos sós, às pessoas que experimentam solidão, aqueles que viram a família partir na migração, mesmo que seja nacional, mas ficaram sós nas suas terras”, acrescentou.

Neste contexto, D. Francisco Senra Coelho afirmou que a paróquia “não pode ficar imune, indiferente, ao grande apelo” e não podem “permitir” que as pessoas isoladas sejam apenas visitadas, “com mérito e louvor, pela Guarda Nacional Republicana”.

“É necessário que sejamos uma Igreja em saída para regressar com a consciência que deixamos o abraço da comunidade, e da fraternidade solidária”, explicou no início do ano pastoral 2019/2020, que tem como tema ‘procurar e acolher os sedentos da esperança’.

O arcebispo de Évora destacou que os sacerdotes da diocese “são de uma generosidade ímpar, de uma doação absoluta” mas alertou para a “problemática séria” das pessoas que “não encontram acessibilidade ao seu pároco”, seja por telefone, telemóvel ou email.

Outro exemplo, foi das situações de paróquias “muito burocratizadas”, devido ao “muito trabalho e acumulação de paróquias”, os párocos “estão como que num vértice, lá em cima”, e para chegar junto dele “é preciso passar por uma quantidade de serviços”.

“Esta problemática que não é uma constatação de alheamento, indiferença: E é necessário ter regras, ter horários, evidentemente que os acolhimentos em todas as instâncias têm de ter regas”, assinalou.

D. Francisco Senra Coelho lembrou a “pedagogia tão própria” do Papa Francisco: “Saber acolher, ir ao encontro, partir para que consigamos trazer para a nossa família aqueles que andam com frio e com fome e sede de esperança”.

Num olhar mais vasto, o arcebispo assinalou que o triénio 2019/2022 “vai ser para inquietante”, com o tema ‘Discípulos missionários da esperança’, porque “vai provocar e vai pôr em questão” a diocese alentejana até à edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal.

Foto Pedro Miguel Conceição/a defesa

O Dia da Igreja Diocesana da Arquidiocese de Évora foi vivido numa assembleia que reuniu “cerca de um milhar de diocesanos”, no Pavilhão dos Salesianos.

“Fiquei muito feliz com o número de participantes, a diocese reagiu com compromisso. Fica alegria de estarmos juntos”, destacou D. Francisco Senra Coelho.

A arquidiocese divulga que, na conferência de abertura, o reitor do Seminário de Coimbra, o padre Nunos Santos, interpelou sobre a forma como acolhem nas suas paróquias e grupos de pastoral, e ficaram a conhecer o hino do ano pastoral, que tem música do padre António Cartageno e letra do padre Mário Tavares de Oliveira.

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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