Évora: Cidade acolhe primeiro Centro de Transição de Refugiados no país

Estrutura tem capacidade para 30 pessoas e prestará a quem chega todo o apoio inicial antes da passagem para uma instituição de acolhimento em Portugal

Foto: A equipa do novo Centro de Transição de Refugiados em Évora, na inauguração da estrutura, A Defesa/Pedro Conceição

Évora, 31 mai 2019 (Ecclesia) – Na cidade de Évora nasceu um novo Centro de Transição de Refugiados, um projeto do Serviço Jesuíta aos Refugiados – Portugal, inserido na PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, e que terá capacidade para acolher 30 pessoas.

Em declarações ao semanário ‘A Defesa’, enviadas hoje à Agência ECCLESIA, o diretor-geral do JRS – Portugal destaca que este será “a primeira estrutura do género a servir a Plataforma de Apoio aos Refugiados”, que foi constituída no país para responder à crise migratória que eclodiu em 2015.

“Deste modo, os refugiados, cujo perfil já foi acordado entre nós, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o Alto Comissariados para os Refugiados, chegam ao aeroporto e vêm para este Centro de Transição em Évora”, explica André Costa Jorge.

O novo Centro de Transição de Refugiados será “uma estrutura de acolhimento intermédia” que acolherá as pessoas enquanto não seguirem para uma instituição de acolhimento final em Portugal.

“Aqui, durante um período que pode ir até 3 meses, é feito um conjunto de passos de diagnóstico e de primeiras etapas de aprendizagem da cultura e da língua e do perfil das pessoas. Ou seja, as pessoas têm oportunidade de fazer uma primeira imersão na sociedade de acolhimento. Ao mesmo tempo, este período permite-nos ter um perfil mais exato das pessoas”, acrescenta o diretor-geral do JRS-Portugal.

A base de construção da nova casa de acolhimento aos refugiados foi “uma estrutura de tipo hoteleira que estava disponível para estes fins”, adiantou André Costa Jorge.

Depois da permanência no Centro de Transição, e da passagem para uma instituição de acolhimento, onde os refugiados poderão estar até cerca de 18 meses, seguir-se-á o “processo de autonomização”.

“Em Évora já esteve um casal, com um filho, que depois de um mês nesta cidade, foi acolhido no Porto, devido ao seu perfil e intenção de fazer estudos universitários”, salientou André Costa Jorge.

Sobre a escolha da cidade alentejana para a implantação de um projeto deste tipo, aquele responsável justifica a opção por Évora “ser o tipo de cidade que tem as condições para o acolhimento”.

“A cidade tem um ritmo de vida calmo e a dimensão certa. Além de contar com uma Igreja Católica ativa e com vontade de colaborar”, acrescentou.

A maior parte dos refugiados que estão a chegar a Évora são provenientes “dos campos de refugiados do Egipto e da Turquia”, avança o semanário ‘A Defesa’.

Só nos últimos três anos, a Plataforma de Apoio aos Refugiados – que também é coordenada por André Costa Jorge – acolheu em Portugal “144 famílias em 92 instituições”, num total de 700 pessoas, mais de metade delas crianças.

O Centro de Transição de Refugiados em Évora vai contar com “uma equipa multifacetada” de recursos humanos, entre os quais “dois professores de português, uma psicóloga, uma coordenação técnica, um técnico social e uma coordenação administrativa e logística”.

A segurança e o acompanhamento das pessoas em situação de refugiadas também é uma preocupação que está neste momento garantida “em permanência”.

No entanto, são necessários voluntários para o apoio a todo o funcionamento do centro.

“Estamos sempre a precisar e vamos precisar de voluntários, isto é, dos leigos da Igreja, de pessoas interessadas e que gostam de praticar o bem, independentemente do seu perfil religioso. Portanto, esta Casa em Évora está aberta ao voluntariado, quer aos jovens, quer aos seniores, ou seja, de todas as pessoas que queiram conhecer esta realidade”, completou André Costa Jorge.

Do lado da Arquidiocese de Évora, o arcebispo local, D. Francisco Senra Coelho, já frisou que “acolhe de braços abertos” este projeto e lança um desafio às comunidades, para que participem no esforço que está em marcha, por estas pessoas que chegam de outros países em busca de um futuro melhor.

“Somos convocados a saber acolher, a ter uma dimensão de hospitalidade e somos convocados também ao voluntariado”, disse o arcebispo de Évora, que fez votos de que os refugiados “se sintam bem na cidade e na Arquidiocese”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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