Évora: Arcebispo diz que Magos ensinam a combater «ditadura do fútil» e «indiferença»

D. Francisco Senra Coelho presidiu à solenidade da Epifania na igreja de Vendas Novas

Vendas Novas, 06 jan 2020 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora presidiu este domingo à solenidade da Epifania, na igreja de Vendas Novas, convidando a assembleia a imitar o “encontro surpreendente” dos Magos do Oriente, com Jesus, para combater a “doença” da indiferença.

“Os Magos procuram e encontram Deus, esquivando-se à ditadura do fútil e do banal, à angústia de uma sociedade imersa no lodaçal da indiferença”, disse D. Francisco Senra Coelho, na homilia da celebração.

Recordando que, segundo os Evangelhos, os sábios do Oriente decidiram voltar a casa “por outro caminho”, o arcebispo de Évora destacou que, após o encontro com Jesus, “tudo se torna novo e a estrada de vida tem de ser outro”.

Este relato, observou, “não se trata de um conto infantil”.

“Os Magos são buscadores que se tornam testemunhas, eles ensinam-nos que se pode partir de muito longe para chegar a Cristo”, precisou o responsável católico.

D. Francisco Senra Coelho desejou que todos os católicos possam aprender “a beleza da espera paciente e ativa” destas figuras, que ensinam a “não desistir”.

“Para encontrar Jesus Cristo, é necessário empreender um êxodo interior e exterior, discernir os sinais”, acrescentou.

Recordando que, na Arquidiocese de Évora, o atual ano pastoral é dedicado ao lema “Discípulos missionários da esperança”, o prelado desafiou os presentes a ser um “portador da Boa Nova para as pessoas que encontra”, enfrentando a “cultura da morte”.

A Paróquia de Santo António, em Vendas Novas, está a celebrar os 50 anos da construção da sua igreja; a celebração foi animada pelo coro dos Arautos do Evangelho.

A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se sempre a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil; nos outros, assinala-se no segundo domingo depois do Natal, como acontece em Portugal (este ano a 5 de janeiro).

Os Magos do Oriente, popularmente conhecidos como Reis Magos, são apresentados no início do capítulo 2 do Evangelho segundo São Mateus – “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do oriente a Jerusalém, dizendo: «Onde está o rei dos judeus que nasceu? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo»”.

O número de três terá sido influenciado pelos três presentes oferecidos (ouro, incenso e mirra) e os nomes de Melchior, Baltasar e Gaspar surgem no séc. VIII.

O livro final da trilogia de Bento XVI sobre ‘Jesus de Nazaré’, que foi publicado em 2012, aborda o episódio da adoração dos Magos, que marca várias tradições da quadra natalícia; o agora Papa emérito elogia a “inquietação interior” que os fez pôr-se a caminho e classifica estas personagens como “antecessores, precursores, indagadores que desafiam os tempos”.

A obra existência da “estrela” que guiou o percurso dos Magos, referida na Bíblia, citando autores bíblicos, teólogos da antiguidade, tábuas cronológicas chinesas, Kepler e outros astrónomos antes de afirmar que “a grande conjunção de Júpiter e Saturno no signo zodiacal de Peixes, nos anos 7-6 a.C. parece ser um facto confirmado”.

OC

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Agência ECCLESIA

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