Eutanásia é questão de ética social

Defendeu, no Funchal, Daniel Serrão. A eutanásia “é uma questão de ética social, ou seja, é a sociedade que tem de definir que valores pretende defender para não considerar a eutanásia como alguma coisa que deva ser aceite e legalizada”. A opinião é do Professor Daniel Serrão que ontem (27 de Outubro) proferiu uma conferência no Funchal sobre “O sofisma da eutanásia”. A tendência actual, na Europa, tende mais para a promoção dos cuidados paliativos, em vez da legalização da eutanásia; mas ainda há quem queira fazer desta um problema religioso ou político, ao invés de considerá-la “uma questão de ética social, pois, são valores sociais que estão em causa”, disse ao JORNAL da MADEIRA Daniel Serrão, médico e Professor Jubilado da Universidade do Porto, conferencista de renome no país e no estrangeiro. O Prof. Daniel Serrão deu ontem uma conferência na Universidade Católica, no Funchal, perante significativa audiência, sobre “O sofisma da eutanásia e as medidas positivas” que a este se colocam, em particular no espaço europeu. “Em 46 Estados soberanos apenas dois, a Holanda e a Bélgica, optaram pela sua aplicação. E o sofisma faz parte de uma mentira ou do interesse em se esconder algo, como se não houvesse alternativas”, considerou. Para este especialista em anatomia patológica, compete à sociedade decidir sobre os valores que quer defender e promover, pelo que no tocante à eutanásia terá de colocar “à disposição dos doentes terminais, por exemplo, os meios necessários para se sentirem bem até ao momento da morte”. A solução não passa por “legalizar a morte e acabar com o sofrimento de imediato”, sublinhou. “A partir do momento em que se apresentam alternativas não há lugar para a eutanásia.” Maior sensibilização para o problema No campo dos profissionais de saúde e nos hospitais verifica-se também maior sensibilização para os cuidados paliativos; “sei que na Madeira, e nos Açores já existem movimentos nesse sentido. Trata-se, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, de cuidados activos, positivos, no sentido de se proporcionarem condições de vida, com dignidade, até ao momento da morte. O cuidado paliativo é contra o intensivismo ou teimosia em continuar a tratar o doente que já não tem cura com se ainda tivesse, fazendo-lhe aplicar terapias ou cirurgias absurdas”, explicou Daniel Serrão.

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