Eutanásia: «Destruir a própria vida é destruir o conceito de homem» – Isilda Pegado

Presidente da Federação Portuguesa pela Vida diz que é preciso intervir a fundo na área da saúde

Lisboa, 07 fev 2017 (Ecclesia) – A presidente da Federação Portuguesa pela Vida (FPV) espera que o debate sobre a eutanásia caminhe para um ‘não’ claro a esta prática e ajude a salvaguardar uma sociedade que protege toda a vida e não abandona ninguém.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Isilda Pegado realça que cabe ao poder político zelar por uma sociedade apologista “da solidariedade, do amor, do encontro com aqueles que são mais carenciados, e não uma sociedade de morte e destruição”.

Aquela responsável alerta ainda para o “desconhecimento” que marca grande parte da discussão à volta da eutanásia, pois grande parte da sociedade não sabe “o que está a ser tratado” e “é preciso esclarecer e elucidar as pessoas”.

A FPV acompanhou a entrega, no Parlamento, de uma petição pública contra a eutanásia, intitulada ‘Toda a vida tem dignidade’, com mais de 14 mil assinaturas.

Isilda Pegado pede “um olhar atento” a este documento, que está em linha com o que afirma a Constituição Portuguesa, no artigo 24.º, que diz que “a vida humana é inviolável”.

“Ela começa na conceção e termina na morte natural. Qualquer ato que seja praticado contra este decurso da vida atenta contra a própria dignidade da vida humana”, aponta a advogada e antiga deputada.

A petição ‘Toda a vida tem dignidade’ foi levada à Assembleia da República como “resposta da sociedade a uma outra a favor da eutanásia”, que também já chegou ao Parlamento, numa iniciativa do movimento cívico ‘Direito a Morrer com Dignidade’.

Para Isilda Pegado, a questão da eutanásia gira também à volta de “um grande debate” hoje em cima da mesa na sociedade que diz respeito ao “direito” que as pessoas têm sobre o seu próprio corpo, sobre a sua vida.

“Toda a vida nos foi dada. Nós somos donos de uma pequena parte de nós mesmos, porque tudo o resto foi-nos dado. Ninguém se criou a si próprio. A destruição da própria vida é a destruição do conceito de Homem”, frisa a presidente da FPV, que recorda o que disse o Papa Francisco sobre esta matéria.

“Como diz o Papa Francisco, é contra a Ecologia, é criar vidas descartáveis, e portanto é nesse sentido que nós dizemos que isto (a eutanásia) é um retrocesso civilizacional”, complementa.

A petição entregue pela FPV vai fazer um caminho dentro do Parlamento de modo a poder depois ser apreciada pelos deputados dos diversos partidos com assento no hemiciclo.

“Aquilo que pedimos ao poder político é que olhe para a sociedade na perspetiva de ajudar os mais fracos, foi para isso que ele apareceu. E o ser humano é mais fraco no início e no fim da vida”, lembra Isilda Pegado, que propõe uma intervenção de fundo na área da saúde, como algo de mais urgente do que a discussão à volta da eutanásia.

“Há deveres sociais e deveres de Estado, e esses começam desde os cuidados de saúde atempados e adequados à situação, que neste momento falham em grande escala. Há os cuidados continuados, de que também há uma grande carência, e há os cuidados paliativos para as situações terminais ou quase terminais. Quatro dimensões que é preciso trabalhar”, conclui aquele responsável.

HM/JCP

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