Eutanásia: Bispo da Guarda defende proteção da vida, do nascimento à morte natural

D. Manuel Felício alerta, em mensagem de Natal, que a sociedade «falha sempre que cai na tentação de oferecer a morte como solução para as dores e outras dificuldades das pessoas»

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 14 dez 2022 (Ecclesia) – O bispo da Guarda considerou que a legalização da eutanásia e do suicídio medicamente assistido é sintoma da “falência do sistema”, defendendo que “oferecer a morte nunca pode ser solução para qualquer problema humano”.

“Quando sabemos que as carências do nosso sistema de saúde são muitas e estão longe de se encontrar superadas, o risco passa a ser o recurso à eutanásia como a solução mais rápida e menos onerosa”, escreveu D. Manuel Felício, na sua mensagem para o Natal 2022, enviada hoje à Agência ECCLESIA.

O bispo da Guarda assinala que já existe a legislação sobre o testamento vital que “é suficiente para enquadrar as determinações do próprio sobre o final da sua vida”.

“E tudo isto se faz em nome da liberdade do indivíduo, que, em muitos casos, não tem condições nem meios para ser devidamente exercida, porque, por exemplo, não pode aceder aos cuidados paliativas, que, em situações terminais, podem tirar as dores ou, pelo menos, diminui-las”, desenvolveu, na mensagem ‘Natal: A beleza da vida no rosto de uma criança’, que apresentou esta tarde aos jornalistas, no paço episcopal.

A 9 de dezembro, a Assembleia da República aprovou o diploma que regula a prática da eutanásia, apresentado pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e que tem por base as iniciativas legislativas apresentadas pelo BE, PS, PAN e IL.

D. Manuel Felício afirma que esta aprovação parlamentar “é um dos sintomas da falência do sistema”, e afirma que “oferecer a morte nunca pode ser solução para qualquer problema humano”.

É legítimo o empenho de todas as pessoas de boa vontade, a começar pelos profissionais de saúde, para rejeitar as possibilidades abertas pela legalização da eutanásia e do suicídio medicamente assistido. Isto porque a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a conceção até à morte natural e, por isso, nunca deve ser intencionalmente provocada”.

O diploma aprovado no Parlamento vai ser apreciado pelo presidente da República Portuguesa, que pode solicitar a fiscalização preventiva ao Tribunal Constitucional ou vetar.

D. Manuel Felício assinala que nessa parte final da vida, “à medida que as forças diminuem e as fragilidades aumentam”, as pessoas para continuarem “com o gosto de viver”, precisam de “cuidados redobrados”, que devem ser prestados pelas famílias, mas também “com ajudas que a sociedade como tal tem obrigação de garantir”, serviços de saúde e de acompanhamento especializado.

Quando isso não acontece a sociedade falha. E igualmente falha, sempre que cai na tentação de oferecer a morte como solução para as dores e outras dificuldades das pessoas”.

O bispo da Guarda começa a sua mensagem a constatar que Natal está “a bater à porta”, e é preciso “prepará-lo bem”, procurando contemplar, para além dos enfeites e símbolos desta quadra, “aquele Menino deitado no Presépio de Belém, sob o olhar atento de Sua Mãe e de S. José, grande sinal da beleza e encanto de toda a vida humana”.

“Que este Natal a todos nos ajude a contemplar, partindo do Menino de Belém, a beleza e o encanto da vida, mesmo sabendo das suas muitas limitações”, concluiu D. Manuel Felício, desejando um “Santo Natal para todas as pessoas e suas famílias”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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