Europa: Igrejas Cristãs assinalam 20 anos da «Carta Ecuménica»

«Propostas lançadas ainda estão longe de estarem cumpridas», diz D. Manuel Felício

Lisboa, 22 abr 2021 (Ecclesia) – D. Manuel Felício, bispo da Guarda, disse à Agência ECCLESIA que é preciso celebrar o 20.º aniversário da “Carta Ecuménica”, lançada há 20 anos, um documento orientador para as Igrejas Cristãs da Europa que continua “muito atual”.

“A carta ecuménica que foi assinada a 22 de abril de 2001 em Estrasburgo (França) pretende mobilizar as comunidades cristãs para o empenho nesta realidade, mas as propostas lançadas ainda estão longe de estarem cumpridas”, disse à Agência ECCLESIA o responsável pelo Departamento do Diálogo Ecuménico da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização.

O responsável católico, que tem acompanhado o diálogo entre comunidades cristãs em Portugal nas últimas décadas, considera que os membros das várias Igrejas “devem estar empenhados” na definição do futuro da Europa, para que seja “ser mais do que uma comunidade económica”.

Para o bispo da Guarda, é fundamental criar “uma comunidade de valores e de respeito pelas pessoas, que deve ter no centro a promoção da dignidade humana”.

A Carta Ecuménica tem na sua génese duas assembleias de Igrejas cristãs, uma realizada em 1989, na cidade de Basileia (Suíça), e outra na cidade de Graz (Áustria), em 1997.

Portugal esteve representado na assinatura da Carta Ecuménica, em Estrasburgo, firmado pelos presidentes da Conferência das Igrejas Europeias (KEK) e do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE), recordou D. Manuel Felício.

“O método desta carta é muito simples” porque aponta “para pontos comuns da afirmação de fé em todas as igrejas cristãs” seguindo-se depois “os compromissos”, acentua o responsável.

A diversidade cultural na Europa “é enriquecedora” e é esta diversidade que a Carta Ecuménica “contempla”.

D. Manuel Felício sustenta que, face aos conflitos, é dever das Igrejas “assumir conjuntamente” o serviço da “reconciliação” também para os povos e as culturas porque a paz entre as Igrejas constitui, neste contexto, “um pressuposto igualmente importante”.

Para além do diálogo ecuménico, o documento dá também pistas para o “diálogo com o judaísmo, com o islamismo e o diálogo inter-religioso em geral”, para que as iniciativas realizadas na Europa, “tanto na economia, na política ou na cultura”, possam “convergir para a valorização das pessoas na sua dignidade”.

A pluralidade de convicções religiosas, de visões do mundo e de formas de vida tornou-se um “traço marcante” da cultura europeia.

“Não se pode alcançar a unidade, de forma duradoura, sem valores comuns”, lê-se na carta ecuménica.

O ecumenismo, para as cristãs e os cristãos, começa “com a renovação dos corações e com a disponibilidade para a conversão”, sublinhou D. Manuel Felício.

As conferências dos episcopados católicos e Igrejas cristãs da Europa assinalam hoje o 20.º aniversário da ‘Charta Oecumenica’, um documento orientador para a cooperação ecuménica no continente.

Os presidentes do CCEE, cardeal Angelo Bagnasco, e o presidente da KEK, rev. Christian Krieger, assinaram uma declaração conjunta para saudar as “conquistas do movimento ecuménico global”.

No programa das celebrações inclui-se uma celebração ecuménica online, que vai decorrer das 18h00 às 19h30 (hora de Lisboa).

O CCEE e a KEK convidam Igrejas e parceiros ecuménicos a participar no evento, que tem como título ‘Alegrai-vos na esperança, sê paciente no sofrimento, perseverai na oração’ (Rm 12,12).

LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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