Europa: Grécia tem de cumprir os compromissos com possibilidade de se reformar, considera D. Manuel Clemente

Patriarca de Lisboa concedeu entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião do consistório onde vai ser criado cardeal

Lisboa, 09 fev 2015 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente afirmou em entrevista à Agência ECCLESIA que o resultado das eleições na Grécia são sinal de “desespero” e que, se o país tem “compromissos a cumprir”, também precisa de “ter possibilidade de se reformar”.

“A Grécia tem compromissos com outros povos da Europa que lá têm o seu dinheiro – até nós, apesar de tudo – e há compromissos a cumprir. Mas para cumprir os compromissos também têm de ter possibilidade de reformar e de se renovar”, disse o patriarca de Lisboa, que vai ser criado cardeal pelo Papa Francisco este sábado.

Para D. Manuel Clemente, os resultados das eleições legislativas na Grécia, com a vitória da coligação de esquerda radical Syriza, foram um “grito de desespero da parte de muitos gregos que não têm nem pessoalmente nem em família os recursos básicos para uma vida condigna”, que “tem de ser ouvido”.

“É isto que os responsáveis e líderes europeus têm de ter presente, e certamente têm: Não se trata de eliminar da Grécia as responsabilidades que tem, mas de lhe dar possibilidades de levar por diante o que é necessário para satisfazer os compromissos internacionais”, considera o patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente sustenta que “há reformas a fazer” e “há muita coisa a corrigir no passado” na Grécia, porque a situação social e económica atual “não aconteceu por acaso”.

Para o futuro cardeal, é “imprescindível” incluir a “temática dos valores” na economia, garantindo que não se distancia do significado original da palavra, um “termo grego”, que significa “governo da casa”.

“Quando a economia se descola muito, em termos de financiamento, e vive não tanto daquilo que produz e garante por si, mas de fontes externas, que a vão apoiando ou desapoiando, torna-se mais frágil”, sublinhou D. Manuel Clemente, lembrando o exemplo da “instituição financeira” de Portugal que “ruiu” sem que os economistas ou responsáveis políticos tivessem percebido logo o que aconteceu.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é necessário fazer “coincidir a atividade económica, financiamento e sentido de desenvolvimento que o seja de verdade”.

No contexto do segundo consistório do atual pontificado, onde vai ser criado cardeal, D. Manuel Clemente analisou a situação social e eclesial da atualidade, em Portugal e no mundo, em entrevista que vai ser publicada em edição especial do semanário digital ECCLESIA e emitida nos programas Ecclesia (Antena 1) e ‘70×7’ (RTP2) do próximo domingo.

PR/OC

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