Europa: Cáritas critica falta de proteção para imigrantes que atravessam o Mediterrâneo

Organização católica manifesta consternação com naufrágio que matou centena de pessoas

Lisboa, 20 abr 2015 (Ecclesia) – A confederação europeia da Cáritas manifestou hoje a sua consternação perante o naufrágio que no sábado matou 700 pessoas no Mediterrâneo, pedindo o fim do modelo de uma “Europa fortaleza”.

"A Cáritas Europa está consternada com a tragédia de pesadelo que teve lugar ao largo da costa da Líbia no último sábado e teme que esta enésima demonstração da inviabilidade moral da ‘Europa’ Fortaleza esteja a matar o projeto europeu baseado na solidariedade e na defesa da dignidade de cada ser humano", adianta a organização católica, em comunicado publicado na sua página de internet.

Na sequências das várias tragédias que têm vindo a provocar centenas de mortes, a Cáritas apela à criação de “canais seguros e abertos de entrada legal” para a União Europeia e à introdução de um “visto humanitário”, entre outras.

A organização católica sustenta que a atual abordagem europeia à imigração, “focada na segurança e no controlo de fronteiras” tem levado “pessoas desesperadas a pensarem que vale a pena recorrer a traficantes e arriscar a vida".

“A Europa tem de substituir a ‘operação Triton’, desastrosamente ineficaz, por uma operação de busca e salvamento de pleno direito, que iria melhorar ainda mais os bons resultados da operação italiana ‘Mare Nostrum’, iniciada em outubro de 2014”, defende a Cáritas Europa.

O comunicado sublinha que desde o início da operação ‘Triton’, em novembro de 2014, foram resgatadas com vida cerca de 7 mil pessoas, um número muito inferior ao da operação ‘Mare Nostrum’, que salvou mais de 140 mil em 12 meses (quase 12 mil pessoas por mês).

Segundo a Cáritas, mais de 1500 pessoas morreram no Mediterrâneo este ano, 50 vezes mais do que em 2014.

"A morte de mais de 700 pessoas que se viram trancadas no porão do navio e se afogaram – no que podemos apenas imaginar como condições absolutamente terríveis – vira os holofotes da culpa não só sobre os traficantes sem escrúpulos que colocam essas pessoas no barco mas também sobre a União Europeia", refere a organização católica.

O secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño Mayer, cita o discurso do Papa Francisco no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para pedir que o Mediterrâneo não se transforme num “vasto cemitério".

Hoje registaram-se outros dois acidentes com embarcações que transportavam imigrantes, com vítimas mortais.

OC

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