Eucaristia – centro e fonte de vida cristã

Carta Pastoral do Bispo de Santarém Pôr-se a caminho Começar um novo ano pastoral é avançar para uma nova etapa que implica crescimento tanto a nível pessoal como a nível da comunidade. A fé projecta os crentes para um percurso que avança para o futuro de Deus que é o Reino da paz, da santidade e do amor. Como os Magos guiados por uma estrela se puseram a caminho à procura do Messias, também os crentes são peregrinos que buscam a novidade e a beleza de Deus numa atitude de abertura ao futuro, rica de esperança e de responsabilidade. Vimos essa procura nos jovens que, em Agosto, peregrinaram até Colónia. “Procurar Cristo deve ser o incessante anseio dos crentes, dos jovens e dos adultos, dos fiéis e dos seus pastores. Esta busca deve ser encorajada, apoiada e guiada”, comentou Bento XVI referindo-se às jornadas mundiais da juventude. Vamos iniciar o novo ano pastoral seguindo este apelo para procurar Cristo como caminho para uma existência plena, livre, irradiante e como fonte de uma Igreja viva e empenhada na missão. Desde as origens, o cristianismo é entendido como “o caminho do Senhor”. No início de cada ano somos convidados a retomar o caminho com nova frescura e energia. O fundamento da nossa esperança é o Espírito Santo que guia a Igreja e renova todas as coisas, incluindo o coração do homem. Que o Espírito nos dê força para colaborarmos com renovada esperança na missão da Igreja. A carta que escrevo no começo de cada ano pastoral procura ser uma ajuda para este crescimento contínuo da vida cristã eclesial e pessoal. Indico, nesse sentido, algumas orientações e prioridades em ordem a criar um projecto pastoral comum para a Diocese que seja expressão e estímulo da comunhão e da missão eclesial. Continuação do plano diocesano Cada ano tem um contexto próprio o­nde vamos colher as linhas de força para o programa anual. Como ponto de partida situamo-nos, este ano, antes de mais, na continuidade do plano pastoral da Diocese, definido após o Jubileu dos dois mil anos da Encarnação que coincidiu com os vinte e cinco anos da Diocese de Santarém. Seguindo o ícone de Emaús, propusemo-nos também procurar “Jesus Cristo vivo na Igreja pela palavra e pelos sacramentos”. Fizemos uma primeira etapa durante três anos, cultivando a “lectio divina” como pedagogia para a leitura meditada e rezada da Palavra de Deus. Estamos na segunda etapa seguindo o lema “Das fontes da salvação saciai-vos na alegria”, dedicada ao reconhecimento do Senhor na celebração da Eucaristia e dos sacramentos. Neste itinerário, o ano pastoral será orientado para o sacramento da Eucaristia e para os sacramentos do serviço (Matrimónio e Ordem). É sempre enriquecedor reler estes planos para situarmos e compreendermos melhor a proposta para o ano de 2005-2006. Ano da Eucaristia Outra fonte de inspiração do programa pastoral são as propostas do Magistério para a Igreja universal. Estamos a concluir o ano dedicado à Eucaristia. Terá a sua coroa no Sínodo do próximo mês de Outubro para continuar e dar frutos no futuro. Podemos considerar o ano da Eucaristia como o testamento do saudoso Papa João Paulo II. Na abundância e riqueza de documentos que publicou, é significativo que os últimos tenham sido sobre a Eucaristia. O último mesmo, assinado já no final da sua existência, na policlínica Gemelli, foi a “Carta aos sacerdotes na quinta-feira santa de 2005” sobre a espiritualidade do sacerdócio configurada pela Eucaristia. Em 7 de Outubro de 2004 havia dirigido à Igreja a Carta Apostólica “Permanece connosco Senhor”. Como o título indica, fundamenta-se no convite que os discípulos de Emaús fazem ao Senhor para nos orientar na vivência do ano da Eucaristia. É, de facto, neste sacramento que se cumpre de modo supremo a promessa de Cristo de permanecer sempre connosco. Em 2003, João Paulo II havia apresentado à Igreja outros escritos sobre a Eucaristia: “Ecclesia de Eucharistia” na quinta-feira santa desse ano e uma carta sobre os quarenta anos da renovação litúrgica do Vaticano II em 4 de Dezembro, designada “Spiritus et Sponsa”. No Pentecostes de 1998 havia publicado outro valioso documento sobre o Dia do Senhor (“Dies Domini”). Notamos assim, claramente, como a reflexão do venerado Papa João Paulo II sobre o mistério da Eucaristia foi uma preocupação constante e prioritária no seu magistério de pastor universal da Igreja. Sempre a Eucaristia esteve no centro da vida da Igreja (cf MND 3). Mas, actualmente, devido a algum relativismo sobre esta fonte da vida cristã, torna-se necessário insistir e esclarecer esta centralidade. A Missa oferece um projecto de transcendência à vida humana chamada à comunhão com Deus e à fraternidade. A Eucaristia é, assim, também, fonte e projecto para a missão dos cristãos no mundo. Não só envia ao mundo mas “exprime valores, inspira atitudes e suscita propósitos de vida” que são uma proposta de vida e de sociedade para irradiar no mundo (cf MND 25). Trinta anos da Diocese Este ano temos outra efeméride que não pode estar ausente e deixar de influenciar o programa pastoral: a celebração dos trinta anos da criação da Diocese, bem como dos quarenta do Concílio. Santarém é uma Diocese que nasce da eclesiologia conciliar, o que constitui um desafio a revestir um rosto fiel à renovação do Vaticano II que destaca a comunhão e a missão como notas dominantes da Igreja de Jesus Cristo. A nossa Diocese inicia, de facto, o seu percurso em 16 de Julho de 1975 sob o signo do Concílio e da Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”. Crescer na comunhão e na missão são, pois, duas direcções que decorrem desta memória histórica e que estão em consonância com a Eucaristia, sacramento da comunhão e da missão. Neste contexto destaco três linhas de força para o ano 2005-2006: a)- sacramentalidade da Palavra de Deus; b)- Eucaristia, fonte e ápice de vida cristã; c)- Da Missa à missão. 1. Sacramentalidade da Palavra de Deus No primeiro triénio deste plano procurámos aprofundar o conhecimento da Sagrada Escritura e cultivar a atitude de escuta da Palavra de Deus. “Nos livros sagrados o Pai que está nos céus vem ao encontro dos seus filhos para conversar cm eles” (DV 21). Por isso, a Bíblia não é apenas um livro sagrado para ler e conhecer. Através da leitura do texto sagrado, Deus dirige-se àqueles que escutam agora. A Sua Palavra, pela luz do Espírito Santo que a inspirou, é uma palavra sempre actual, dirigida a nós hoje, com significado para a nossa vida quotidiana. Mais ainda: não é apenas uma mensagem com interesse, um recado de Deus que chega até nós. A Sua Palavra é sinal e instrumento da Sua presença. Como sucedeu com os discípulos de Emaús, também connosco Jesus se torna companheiro de jornada, interpreta os acontecimentos da nossa vida à luz da Escritura, aquece o nosso coração, alimenta a nossa fé e faz renascer a esperança. A Palavra da Escritura, escutada no contexto da fé, torna-se Palavra viva e presença sacramental. Deve, portanto, ser lida como Palavra divina (“lectio divina”). Palavra e sacramento completam-se e formam uma unidade como verificamos à luz do mistério da Encarnação. O Verbo, palavra e expressão eterna de Deus, encarnou e habitou no meio de nós. Pela Encarnação, a Palavra adquire corporeidade, torna-se visível e palpável na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. “O Verbo encarnou… e nós vimos a sua glória” (Jo 1,14). A Palavra conduz ao sacramento, como no ícone de Emaús a explicação das Escrituras prepara para o encontro com a pessoa do Senhor Ressuscitado na Eucaristia. Os discípulos vêem o Senhor na “Fracção do Pão” porque primeiramente O escutaram e Ele lhes aqueceu o coração. A Palavra permite-nos percorrer o caminho da fé para o reconhecimento sacramental de Cristo. Sem este conhecimento, sem esta escuta das Escrituras no itinerário de fé de Emaús, que é a representação do itinerário de fé da catequese, os discípulos não estavam preparados para o encontro sacramental com o Senhor Ressuscitado. Ainda hoje Jesus vem ao nosso encontro e alimenta a nossa fé em duas mesas: na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia. As duas completam-se e fazem uma unidade que tem o seu fundamento no próprio mistério da Encarnação em que Jesus é a Palavra que ilumina e o Pão do Céu que alimenta. A celebração da Eucaristia é, assim, o momento culminante do itinerário de crescimento na fé. A centralidade da Eucaristia não tira a importância da catequese como alicerce da vida cristã. Sinais que dão visibilidade à Palavra Na economia sacramental da Igreja, a Palavra de Deus tem, portanto, uma dimensão sacramental. Sem esta sacramentalidade, a Palavra seria apenas doutrina para conhecermos. Como quase-sacramento, o anúncio da Palavra deve ser acompanhado de sinais ou gestos que mostram como Deus continua a intervir hoje na história dos homens. Na vida e na memória da Igreja encontramos muitos sinais vivos da presença e da acção de Deus, como por exemplo, a vida dos santos, a prática cristã das comunidades (sinais da vida litúrgica e da caridade), a memória cristã gravada no património artístico, etc. Cabe à catequese e à pregação mostrar esses sinais que concretizam a visibilidade e a eficácia da Palavra. Não deixemos de valorizar, este ano pastoral, a vida de Santa Teresa do Menino Jesus, cujas relíquias nos visitam. Assim, ao dedicarmos este ano ao aprofundamento da Eucaristia como centro de vida cristã, não esquecemos a prioridade da Palavra de Deus como alicerce da fé. Numa cultura de relativismo em que se esbatem as convicções e aumenta a confusão, precisamos de itinerários de formação cristã para todas as idades que estruturem uma fé firme e testemunhante. A “lectio divina” é para continuar a cultivar cada vez mais profundamente. O ano da Eucaristia pede-nos, aliás, uma catequese mais intensa à volta deste mistério. Neste ano pastoral comemoramos os 40 anos da “Dei Verbum”, a Constituição Conciliar que educou os fiéis para um contacto mais assíduo e mais rico com a Sagrada Escritura. Esta comemoração é um convite não só para conhecer a Bíblia mas para escutar Deus que hoje continua a vir ao nosso encontro e a falar-nos pela Sagrada Escritura. 2. Eucaristia – fonte e cume da vida cristã. A Palavra ficaria incompleta sem os sacramentos. De facto, os sacramentos realizam o que a Palavra anuncia. Deste modo, a Eucaristia é o momento culminante da Palavra. Na Eucaristia encontramos o Senhor que conhecemos na Palavra, vemos e vivemos os factos e os gestos narrados pela Escritura. “A Eucaristia é a fonte e o cume da vida cristã” (LG 11). Na Eucaristia não só recebemos a Palavra da vida que irradia luz sobre a nossa existência. É o próprio Senhor que nos convida para a sua mesa e reparte connosco o Pão da vida. Por isso, a Eucaristia é a grande riqueza da Igreja e dos fiéis – pois “contém todo o bem espiritual da Igreja” (PO 5), ou seja, a presença do nosso Salvador e Senhor que nos comunica a força do Seu Espírito e nos oferece-nos o Pão da vida eterna (cf PO 5). Sem a Eucaristia não podemos viver. Na Eucaristia a nossa existência, pobre e mesquinha, adquire significado e valor de salvação pois se une à oblação de Cristo ao Pai. Para a Eucaristia devemos encaminhar toda a nossa existência, as nossas actividades profissionais, a nossa vida em comunidade, os nossos sofrimentos, problemas e alegrias para as tornar uma oferta agradável ao Senhor. Então a nossa existência adquire sentido, apoio e grandeza. Da Eucaristia somos enviados para levar ao mundo a paz e a fraternidade e colaborar com empenho na construção da civilização do amor. A Eucaristia deve, portanto, tornar-se o centro à volta do qual gravita a vida dos fiéis. Realiza, de facto, a comunhão com Deus, meta e sentido da vida humana, confere unidade aos momentos dispersos da existência, liga a vida quotidiana com a fé. É como o sol de cada dia que ilumina a Santa Igreja, afirmamos num cântico. Na verdade, através deste sacramento, a luz de Cristo Ressuscitado ilumina os olhos do nosso coração para compreendermos o mistério de Deus e o sentido da vida humana (cf MND 11). Envolver todos os grupos O ano da Eucaristia pede-nos que realcemos este centro na vida e nas actividades dos fiéis e das comunidades. Nesse sentido, a Eucaristia dominical deve ser um momento preparado por todos, no qual todos são envolvidos e participam activamente e para o­nde convergem as actividades pastorais do pastor e dos fiéis. “Os sacerdotes prestem uma atenção ainda maior à missa dominical como celebração o­nde a comunidade paroquial se encontra em conjunto, contando ordinariamente com a participação dos vários grupos, movimentos e associações nela presentes” (MND 23). A Eucaristia congrega à volta da mesa do Senhor os que andam dispersos, aproxima os que andam distantes, estabelece a comunhão com Cristo e a comunhão fraterna entre os crentes. Numa palavra, o Corpo eucarístico de Cristo forma o Corpo eclesial. Ajuda a vencer o individualismo e a solidão: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo” afirmamos logo no início da celebração a lembrar a dimensão comunitária da celebração. A Eucaristia faz a Igreja: “Nenhuma comunidade cristã se constrói se não tiver a sua raiz e o seu centro na celebração da Sagrada Eucaristia” (PO 6). A beleza da Eucaristia A Eucaristia confere conteúdo e significado ao Domingo como dia do Senhor e do homem, dia da liberdade e da comunidade. Com a Eucaristia o domingo, primeiro dia da semana, torna-se o dia do Senhor Ressuscitado, um novo início que renova constantemente a existência humana. Dilui-se actualmente o sentido do domingo e a necessidade da Eucaristia. Para muitos fiéis a Eucaristia deixou de ser o centro e ficou à margem das suas existências. Como conduzir à descoberta da alegria do domingo? Que motivações apresentar para criar o desejo da Eucaristia dominical? A descoberta ou redescoberta passa, na nossa cultura, pela via da beleza, ou seja, pela Eucaristia bem celebrada, viva, festiva, participada por todos. Este será um fruto importante a alcançar com o ano da Eucaristia: “O ano da Eucaristia seja para todos ocasião preciosa para uma renovada consciência do tesouro incomparável que Cristo entregou à sua Igreja. Seja estímulo para a sua celebração mais viva e sentida, da qual brote uma existência cristã transformada pelo amor” (MND 29). O ano da Eucaristia não é um ano de passagem. Os frutos do ano da Eucaristia precisam de continuar a ser cultivados para que a celebração do mistério da fé se torne verdadeiramente o centro da vida cristã. Vamos, nesse sentido, continuar a promover a participação activa, consciente e frutuosa dos fiéis; a cuidar do decoro da celebração; a formar os diversos ministérios para um bom desempenho das funções próprias; a valorizar a música litúrgica e a preparar grupos corais; a desenvolver a arte sacra. Estes objectivos foram já indicados no programa pastoral do ano passado e irão estar presentes este ano e no futuro. Neste ano procuraremos realizar algumas acções significativas como: solenizar a preparação e a celebração da Primeira Comunhão como momento marcante na iniciação das crianças no mistério da Eucaristia; proporcionar aos fiéis, designadamente aos pais das crianças, catequeses mistagógicas sobre a Sagrada Eucaristia; promover acções de consciencialização e de adoração do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. 3. Da Missa à missão A Missa conduz à missão, ao testemunho do evangelho no mundo: “O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar” (MND 24). Assim, a Eucaristia é princípio e projecto de missão, envia-nos ao mundo a levar a paz e o dom do Espírito que recebemos na celebração. Deste modo, a Eucaristia oferece não apenas a força interior para o testemunho da fé no mundo mas propõe também valores e atitudes para irradiar na sociedade e na cultura (cf MND 24-28). A Eucaristia contém um projecto de um mundo reconciliado, de transcendência da vida humana, de uma existência agradecida e harmoniosa, de fraternidade universal que não podemos guardar só para nós. A Missa conclui com o envio dos fiéis, fortalecidos pelo encontro com o Senhor, para irradiar no mundo a comunhão de vida, a beleza do amor que salva, a esperança num mundo novo do Espírito, a paz e a alegria: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”. Por isso, a Igreja que vive da Eucaristia é também enviada em missão como sinal e instrumento de unidade no seio da sociedade (cf LG 1), como “força moral e social” de renovação do mundo, segundo a expressão de João Paulo II. Diocese casa e escola de comunhão Na celebração dos trinta anos da diocese vamos prestar uma atenção especial ao crescimento da comunhão eclesial. Fazer da Diocese uma casa e escola de comunhão é um testemunho de vida eucarística que devemos cultivar de forma especial na celebração desta data. Na verdade, todos precisamos de cultivar a espiritualidade de comunhão. É um convite feito a todos os fiéis nas suas várias condições e responsabilidades. Aos ministros ordenados, integrados pelo sacramento da Ordem na fraternidade do presbitério, recomenda-se que cresçam no acolhimento e na amizade mútua, na partilha e no diálogo e, na acção pastoral, na implementação do trabalho em equipa. Aos religiosos (as) que manifestem no estilo de vida a fraternidade universal. Aos fiéis que vivam a união fraterna, o diálogo, a partilha e a participação activa na missão. Na Carta para o ano da Eucaristia, é pedido a todos os cristãos que tenham um maior empenho em testemunhar com mais vigor a presença de Deus no mundo. É uma recomendação muito oportuna. Nota-se hoje um esquecimento prático de Deus, alguma má-vontade em relação a sinais religiosos, às vezes até uma certa hostilidade contra o cristianismo como se fosse um estorvo à liberdade ou ao desenvolvimento da pessoa e das sociedades. Mas a realidade mostra-nos o contrário: sem Deus a existência do homem permanece fechada nos seus limites, sem grandeza nem sentido. Sem Deus a vida e a dignidade humanas ficam ameaçadas. Não nos envergonhemos da fé: “Não tenhamos medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé” (MND 26). No testemunho da fé que nasce da Eucaristia deve sempre ter lugar a caridade fraterna, associada desde as origens à fracção do Pão. Quem é convidado para a mesa de Deus não pode esquecer de partilhar o seu pão com os mais necessitados. A Eucaristia sempre esteve ligada à caridade. As formas de pobreza que hoje reclamam a nossa ajuda são numerosas. Nesse sentido, procurem os pastores e fiéis que nas suas comunidades funcione a “Cáritas”, ou outro movimento com actividade semelhante, para organizar a ajuda fraterna em situações de calamidade e de carência. A Eucaristia está também orientada para os dois sacramentos do serviço: Ordem e Matrimónio. Dentro do programa pastoral que temos vindo a seguir vamos prestar atenção particular a estes dois sacramentos, tanto na sua preparação e celebração como no ideal de vida que propõem. Eucaristia e sacramento da Ordem Nesta linha, procuraremos aprofundar, ao longo do ano, a identidade do presbítero em relação com a Eucaristia, como serviço de comunhão na comunidade. O pastor exerce uma influência relevante em fazer da Igreja uma casa e uma escola de comunhão. De facto, ele é a alma, o rosto principal e o mestre habitual da comunidade cristã. O estilo de comunhão precisa de ser manifesto nas suas palavras e atitudes, nos seus gestos e forma de vida. Este perfil leva a cultivar uma relação pessoal compreensiva e afável, realçando as atitudes de acolhimento, de aproximação de todos, sobretudo dos que sofrem, de diálogo, de atenção aos problemas humanos e sociais. A relação do ministério ordenado com a Eucaristia convida também a aprofundar o estilo missionário de ir à procura dos afastados, de congregar os dispersos e, ao mesmo tempo, de testemunhar uma relação de colaboração com a sociedade o­nde a igreja é enviada como sinal e instrumento de comunhão. A ordenação dos primeiros Diáconos Permanentes da Diocese é um incentivo a esclarecer a identidade deste primeiro grau do ministério ordenado e a desenvolver o trabalho pastoral em equipa. A consideração do sacramento da Ordem convida-nos também a prestar maior atenção à pastoral das vocações consagradas. A pastoral vocacional deve estar presente em toda a vida e acção da Igreja e envolver os pastores, as comunidades, a catequese, os centros educativos e a família. Procure cada pároco e cada paróquia constituir e apoiar um grupo paroquial de apoio às vocações. Esforce-se cada presbítero por viver a preocupação de encontrar continuadores para o exercício do ministério. Eucaristia e Matrimónio O Matrimónio como comunhão íntima de pessoas, encontra também na Eucaristia, sacramento da Nova Aliança, o alimento que fortalece e renova o amor dos esposos, dos pais e filhos para ser vivido como sinal do amor de Deus. A pastoral do matrimónio leva a insistir, ao longo do ano, na preparação de todos os noivos para a celebração do Matrimónio católico e no apoio às famílias, aos casais novos e aos movimentos familiares. A Igreja diocesana de Santarém é jovem. Não tanto por ter sido criada há trinta anos. Mas porque vive apoiada no mistério de Deus que, na sua perfeição infinita, é sempre novo e convida os fiéis a abrir-se ao futuro e a prepará-lo. Como afirmou o Papa Bento XVI na homilia da Missa do início do seu pontificado: “A Igreja está viva. Precisamente nestes dias tristes da doença e da morte do Papa João Paulo II, algo de maravilhoso se manifestou diante dos nossos olhos: A Igreja está viva. E a Igreja é jovem. Ela leva, em si mesma, o futuro do mundo e, portanto, indica também a cada um de nós o caminho para o futuro”. Na celebração dos trinta anos da nossa Diocese ponhamo-nos a caminho e colaboremos activamente, como pedras vivas, para a vitalidade da acção pastoral guiados por Nossa Senhora da Imaculada Conceição que anuncia e prepara com a Igreja o caminho para o futuro. D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém

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