Etiópia: Missionário católico alerta que situação piorou em Kombolcha e população tem de «fugir»

Sacerdote pede ajuda para a «muito delicada situação humanitária»

Lisboa, 02 nov 2021 (Ecclesia) – Um missionário católico na Etiópia alertou, em mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que “as coisas estão a piorar” na cidade de Kombolcha e muitos têm de “fugir”.

“Agora estou sozinho com os vigias, vou ver se também posso fugir. A guerra está agora mais difícil”, explicou o missionário, que ia tentar fugir esta segunda-feira, na mensagem enviada no domingo à diretora de comunicação da Fundação AIS, Maria Lozano, a quem pede orações de todos pelo povo etíope.

A fundação pontifícia contextualiza que agravou o conflito armado entre as forças do governo e a Frente de Libertação do Povo Tigray.

Segundo o sacerdote católico na semana passada registou-se um aumento considerável de pessoas em fuga, agravando a “muito delicada situação humanitária” na região etíope de Kombolcha, nomeadamente ao nível alimentar.

“Ouvimos bombas a cair nas montanhas, as coisas estão a ficar muito difíceis, não conseguimos dormir, estamos vigiando. Há toque de recolher entre as 18h00 e as seis da manhã, mas fora desse período, estamos a tentar acompanhar a evolução”, relatou numa mensagem anterior.

O missionário explicou as pessoas tentam fugir para a capital, Adis Abeba, mas os elementos da Igreja insistiram em ficar: “Nós, os padres, estamos aqui com as pessoas, para ver como as coisas evoluem.”

“Na nossa pequena cidade de Kombolcha, temos mais de quatro mil deslocados internos, estando muitos outros nas cidades vizinhas; Temos testemunhado muito sofrimento, com muitas pessoas a morrer, outras a ficarem desalojadas, sem comida, água, medicamentos ou abrigo”, desenvolveu na mensagem anterior.

Os combates entre as forças governamentais e os elementos separatistas da Frente de Libertação do Povo Tigray começaram no dia 4 de novembro de 2020, e a fundação AIS adianta que “já provocaram numerosas vítimas mortais e um número assinalável, na ordem dos milhares, de deslocados internos”.

A AIS assinala que esta região está “praticamente isolada do resto do mundo”, o que aumenta o “sentimento de insegurança das populações”; Em julho, a ONU considerou, que há cerca de 400 mil pessoas em risco de fome na região de Tigray.

A Etiópia tem duas comunidades religiosas principais, os cristãos, com cerca de 60% da população, e os muçulmanos, que representam quase 35%, e No entanto, tem uma riquíssima tradição, sendo mesmo considerado como o mais antigo país cristão independente do mundo.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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