Anúncio da escolha de Lisboa aconteceu a 27 de janeiro de 2019
Lisboa, 26 jan 2020 (Ecclesia) – As dioceses portuguesas estão com preocupações operacionais e formativas num caminho de envolvimento juvenil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que o país vai acolher em 2022.
O anúncio da realização em Portugal foi há um ano e desde então as dioceses têm estado a organizar-se em propostas para a juventude que não se esgotam na preparação deste evento, refere João Clemente, diretor do Setor da Juventude no Patriarcado de Lisboa.
“O ano pastoral a decorrer vai ter dois pulmões: é, por um lado, o último ano da receção do Sínodo diocesano (Sonho missionário de chegar a todos, 2016) com o tema da caridade, e o primeiro de caminho para a JMJ”, apresenta o responsável, em declarações à Agência ECCLESIA.
Um dos pontos altos do ano pastoral está agendado para os dias 28 e 29 de março: a Jornada Diocesana da Juventude vai ter um “modelo aproximado” de uma JMJ, convidando os jovens a “pernoitar”, assente em “quatro pilares que acontecem numa JMJ: a dimensão cultural e artística, a vigília de oração, a catequética e formativa e o encontro com o bispo diocesano e a missa de envio”, indica.
João Clemente fala num caminho de comunhão entre o Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa e o Comité Organizador Local (COL), que tem sido feito, de “articulação entre a proposta diocesana, contínua no tempo depois da JMJ, e as necessidades e responsabilidades que o COL tem”.
Um dos momentos altos do ano pastoral será a peregrinação de jovens a Roma, no domingo de Ramos, a 5 de abril, para trazer para Portugal a cruz mariana e o ícone de Nossa Senhora, símbolos da JMJ, contando com cerca de 300 jovens do patriarcado de Lisboa.
Em Coimbra, cerca de 40 pessoas ajudam Hugo Monteiro, responsável pelo Comité Organizador Diocesano (COD) a desenvolver tarefas tão diferentes de secretaria, conteúdos, divulgação, imagem e marketing, tesouraria, patrocínios, ou voluntários e famílias de acolhimento, na preparação da JMJ 2022.
“Somos uma diocese alargada, a área é grande, temos a parte rural que possivelmente nunca ouviu falar numa JMJ e a parte das cidades. O entusiasmo é crescente”, traduz o responsável à Agência ECCLESIA, sem esconder a necessidade de apresentar esta atividade em diferentes linguagens e contextos.
Hugo Monteiro afirma querer envolver todos, desde os mais novos até aos idosos, “aqueles que pensam que não será para eles”.
Estão em desenvolvimento “catequeses de formação”, pensados também “encontros a nível local, arciprestal e diocesano, para uma caminhada que gere um encontro mundial”.
Em Coimbra existem vários movimentos e secretariados, cada um com a sua responsabilidade; existe o Secretariado da Pastoral do Ensino Superior e Universitário, e na equipa do COD, há elementos que foram nomeados por esses secretariados. Tudo o que vamos fazer vai ser pensado para jovens, muitos a estudar em Coimbra que poderão ser de outras dioceses e com necessidade de lhes transmitir estes convites”.
Na Diocese de Setúbal, mensalmente uma proposta de formação e oração está a ser disponibilizada a partir do site, para que os grupos de jovens, movimentos e paróquias, possam caminhar rumo a 2022, com o lema «Get ready» (Prepara-te).
“A Jornada é um pretexto porque queremos que este caminho se estenda além da JMJ. Durante o ano de 2018 os jovens tiveram a oportunidade de se fazer ouvir, através de um questionário on-line, onde surgiu, nomeadamente, a necessidade de uma maior proximidade e acompanhamento e algumas oportunidades para poder ter um papel mais ativo de serviço na Igreja”, explica à Agência ECCLESIA Ana Lúcia Agostinho, diretora do Departamento da Juventude na diocese sadina.
D. José Ornelas, bispo local, já tinha indicado a pastoral juvenil como central nos planos pastorais, inicialmente para um biénio, que “se estendeu a um triénio, rumo à JMJ”, acrescenta a responsável.
“Não estamos preparados mas estamos em preparação. A riqueza e a beleza deste caminho é o próprio caminho. Quando chegarmos a 2022 vamos ter um conjunto de atividades que vão estar mais planeadas, mas para os jovens portugueses, o desafio e a oportunidade de crescimento vai estar sobretudo no caminho de preparação que vamos fazer, tanto espiritual, como de acolhimento. Vai ser uma grande oportunidade para nós”, explica João Marques, que integra a equipa.
Respondendo ao desafio dos jovens, D. José Ornelas está em visitas pastorais e faz-se acompanhar por pessoas do departamento da Juventude.
“As visitas vão decorrendo semanalmente, em cada paróquia, apresentamos propostas como vigílias de oração, workshops com temas escolhidos por eles, temos aproveitado para apostar na formação dos animadores e existe a proposta de realização de um conselho paroquial de juventude que, resultará na eleição para os conselhos vicariais da juventude e, no final do ano, pretende-se realizar o primeiro conselho diocesano de juventude”, indica Ana Lúcia Agostinho.
A responsável acrescenta que as visitas compreendem deslocações a espaços fora da Igreja: “temos visitado escolas, instituições e coletividades, locais onde estão os jovens, levando a proposta para o acolhimento aos que vão chegar para a JMJ”.
Na Diocese do Funchal, Maria, “primeira missionária, será o modelo da pastoral juvenil nos próximos anos”, indica à Agência ECCLESIA o padre Carlos Almada, assistente espiritual do Secretariado da Pastoral Juvenil e do departamento do Ensino Superior e da Pastoral Universitária da Diocese do Funchal.
“A primeira missionária que acolheu, que se predispôs a fazer a vontade do Senhor. Nela vemos os frutos desse acolhimento, queremos também ser transformados e depois sair, e mostrar que este encontro vale a pena”, refere o responsável.
A Diocese do Funchal vai estar presente, em Roma, com 10 jovens, para receber os símbolos da JMJ e o responsável adianta que irão acolher os símbolos das JMJ em novembro, estando o programa a ser preparado para os ícones percorram as paróquias do arquipélago.
O Secretariado organizou, em outubro de 2019, a I Jornada diocesana da Pastoral Juvenil, mas, indica o padre Carlos Almada, tem apostado, “sobretudo na formação de agentes pastorais”.
Está em desenvolvimento a «Missão Aqui», “a caminho de se tornar uma Missão País”.
“Tem sido um poço experimental de caminho com os jovens. O grande lema que experimento e que me cabe garantir na atividade pastoral juvenil da diocese é ver que os jovens encontram espaço na Igreja do Funchal, espaço para questionar e que a Igreja está com eles para encontrar uma resposta comum”, traduz o sacerdote.
Na Diocese do Algarve são 27 os jovens que irão estar em Roma para receber os símbolos das JMJ, momento em que “se concretizará o sonho de realização das Jornadas”, explica João Costa, delegado do COD.
“Será um novo ponto de partida, será um finalmente o sonho se torna realidade. Quase que ainda não estamos em nós. Receber a cruz e o ícone faz-nos perceber que o sonho se torna realidade”, indica à Agência ECCLESIA.
Desde que o anúncio da realização das JMJ 2022, em Portugal, que no Algarve, a cada dia 27, é organizado um encontro de mobilização.
“Os símbolos ajudam muito, também na liturgia, nos ajuda a viver a fé e religião. A receção dos símbolos vai promover, dentro das paróquias diocesanas, em especial, aquelas que estão menos dinamizadas, e vai ser muito benéfico. Temos de aproveitar a chegada da cruz e do ícone como um dom para a Igreja do Algarve e de Portugal”, indica.
Reconhecendo a “fase inicial, de estrutura humana” em curso, João Costa dá conta da confiança de D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, em confiar num leigo para dirigir o COD.
“Não é uma concretização pessoal, mas dos jovens e da diocese: a eleição de um jovem católico para este cargo, que normalmente seria para padres, mostra que o nosso bispo se preocupa com os jovens”, sublinha.
Os responsáveis diocesanos são unânimes em reconhecer a oportunidade para a Igreja em Portugal ao organizar a JMJ.
Hugo Monteiro fala num acontecimento religioso mas também social e que, por isso, “vai envolver o país inteiro”.
“A pastoral juvenil é uma pastoral de jovens mas não é só para os jovens. Se não formos ao encontro dos jovens, dificilmente vamos conseguir ter pessoas nas celebrações, em orações ou outras situações que envolvam a Igreja. Esta é uma oportunidade única de renovação positiva para a Igreja de Portugal”.
Ana Lúcia Agostinho dá conta de “uma grande expetativa” com a preparação e a vontade de acolher.
“Muitos são ainda muito jovens e não tiveram oportunidade de estar noutras Jornadas, mas vão ouvindo os testemunhos e estão muito expetantes com muita vontade de participar e de acolher – é muito bonito a vontade de receber e preparar atividades para receber os jovens que vão chegar de vários países do mundo”.
João Clemente fala numa oportunidade de “protagonismo operativo na Igreja”.
“A realidade juvenil é tão complexa, não é mais hoje do que noutros tempos. Hoje percebemos o peso que têm as novas tecnologias, os interesses relacionados com a ecologia, o diálogo inter-religioso. Com profissionalismo, com qualidade, beleza, sentido estético e criatividade, os jovens podem sentir-se ao serviço e como parte da Igreja”, indica.
LFS/LS/OC