Escolher Santo Egídio

Em Portugal não foi diferente, foi olhar para uma cidade e encontrar os pobres que tantas vezes não vemos A comunidade de Santo Egídio completa no próximo dia 7 de Fevereiro os seus 40 anos. A comunidade nasce do encontro com as escrituras, postas no meio da vida, nasce de uma proposta pessoal e comum, para quem procura uma vida mais autentica: é o antigo convite de Jesus que dirige a cada geração e a cada um de nós, o de sermos seus discípulos. É o convite a converter-se, deixando de viver só para si mesmo e começar a ser, com liberdade, instrumento de um amor maior para todos homens e mulheres, e antes de mais, para com os pobres. Escutar e viver a Palavra de Deus como a coisa mais importante da nossa vida quer dizer aceitar seguirmos não a nós mesmos mas sim ao Senhor. Esta foi uma escolha desde o início da vida da comunidade. Esta pode parecer uma escolha de vida ingénua para muitos, mas uma vida simples não quer dizer ingénua, pelo contrário. Viver com verdade e com a coragem de ir contra a corrente. O mundo mudou muito, transformou-se ao longo destes 40 anos. Transformou-se a si mesmo, a queda do muro de Berlim, o 11 de Setembro. Se olharmos para o mundo de hoje vemos o quão profunda foi essa mudança, na vida das pessoas. A divisão do mundo é cada vez mais marcada por este abismo de um mundo rico e um mundo do Sul pobre. A vida dos homens mudou, mas este carisma do ser fiel ao Evangelho e de o tentar pôr sempre no centro da vida da comunidade, salvou-a também de muitas coisas. É uma escolha estar junto dos mais pobres. É uma escolha a oração. Foi uma escolha para Andrea Riccardi, desde a primeira hora, como foi para cada comunidade de Santo Egídio no Mundo. De uma pequena comunidade romana, Santo Egídio, alargou-se ao mundo inteiro e também a Portugal. E em Portugal não foi diferente, foi olhar para uma cidade e encontrar os pobres que tantas vezes não vemos, ou não queremos ver…é como que só reparássemos neles quando é para nos lamentarmos. Mas nós quisemos olhar para uma cidade que na época, em 1989, era cheia de bairros de lata onde tanta gente vivia sem quaisquer condições… era olhar em volta e perguntar-nos o que era possível fazer. O encontro com os pobres, fez-nos entender que é um caminho de encontro pessoal – com o Senhor, na oração. E acreditamos que é nesta simplicidade que reside o caminho da mudança: estar disponíveis para ajudar os outros só com o que temos , ou seja disponibilidade e simplicidade . Jesus ia por pequenas aldeias da Galileia mostrando a sua disponibilidade, falava do Pai e dava testemunho de uma fé, vivida nas pequenas coisas, para a comunidade a simplicidade da vida vivida com os outros vem daqui. Da disponibilidade de coração, da escuta, da solidariedade, da oração. A comunidade ajudou-nos a olhar para “cima dos montes” olhar mais alem de quem está à nossa frente, e ver quem vive uma vida difícil. Foram as crianças, os idosos, e os sem-abrigo. É perceber quem é aquele homem meio morto na estrada para Jerusalém…! que no fundo pode ser cada um de nós. Não somos diferentes dos pobres, dos estrangeiros, ou de quem quer que seja, somos homens e mulheres que precisam de amigos, de carinho, de sonhar por uma vida com mais dignidade. Viver desta forma, levou a comunidade de Santo Egídio a tantos caminhos, como aquele do dialogo inter-religioso, da paz, como em Moçambique ou o trabalho incansável por uma moratória mundial contra a pena de morte no mundo. Sem querer perder o sentido de pôr sempre no centro o que une, ou seja um Amor grande pela vida dos Homens! Isabel Bento, Comunidade de Santo Egídio

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