Escolas Católicas: Flexibilidade curricular só sairá do papel acompanhada por revisão dos apoios estatais

«Não havendo mais dinheiro não se podem acrescentar disciplinas», salienta presidente da associação coordenadora daquelas instituições

Lisboa, 14 fev 2014 (Ecclesia) – O presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas (APEC) diz que a publicação do diploma que prevê a concessão de maior autonomia e flexibilidade curricular às escolas tem de ser acompanhada de uma revisão dos apoios estatais concedidos.

Em declarações concedidas hoje à Agência ECCLESIA, o padre Querubim Silva dá como exemplo “as escolas com contratos de associação com o Estado”, que têm o seu espaço de iniciativa “absolutamente condicionado por uma taxativa subvenção por turma”.

“Não havendo mais dinheiro não se podem acrescentar disciplinas” e mesmo outras alterações, ao nível da oferta curricular ou do quadro de docentes, “só podem ser feitas à custa de recursos educativos próprios” que, em muitos casos, já não têm por onde “esticar”, sublinha o sacerdote.

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, anunciou na última quarta-feira o envio para publicação do diploma que dará às escolas, com contratos de autonomia celebrados com o Estado, a possibilidade de gerirem de forma mais direta as suas ofertas educativas, já em 2014-2015.

A nova legislação abrange neste momento pouco mais de 200 estabelecimentos de ensino e prevê maior flexibilidade ao nível da preparação do plano de estudos e da implementação de “medidas que melhor se adaptem ao desenvolvimento dos seus alunos”.

No entanto, estas medidas estão também dependentes do cumprimento de determinadas “metas curriculares”, sujeitas a “regulação, avaliação externa e monitorização”.

Para o padre Querubim Silva, “resta saber quais são os vetores que entram neste processo de avaliação, pois estão em causa escolas que atuam em contextos completamente distintos”.

O presidente da APEC entende que neste momento “os critérios de avaliação não são claros, porque não têm em conta a diversidade” própria de cada escola, e defende que a “questão dos rankings terá de ser largamente debatida e contestada”.

JCP

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