Escola: lugar de saberes partilhados por todos

Bispo do Porto reflecte sobre mudanças na educação e aponta valorização deste espaço de formação contínua D. Manuel Clemente aponta que o Estado deve viabilizar uma escola que distribua recursos e motive sempre. Numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA, intitulada «Um ano para educar, uma escola para redescobrir», e com o início do ano escolar à porta, o Bispo do Porto aponta que “de iniciativa pública ou particular, a escola não pode restringir arbitrariamente a proposta cultural, também no que à religião respeita”. Para realizar o bem comum, a escola deve tornar-se num lugar de aproximação e convivência, onde o conhecimento mútuo impeça o “confronto de fantasmas ideológicos e crenças reprimidas”. Os professores devem “de partilhar o saber que activamente «professam», seja qual for a matéria”. D. Manuel indica que “sabemos como eles são tão importantes como o ensino que ministram, exactamente pela intensidade existencial com que o façam. Com tais professores, os alunos são mais facilmente envolvidos num processo geral de conhecimento”. D. Manuel Clemente admite que os tempos mudam “e mudam para pior, no que à educação geral respeita” e o “futuro da educação, dentro e fora de Portugal, estará mais do lado dos educadores e dos educandos do que das «matérias» em si mesmas”. Os reflexos na educação “são obviamente grandes e graves. Partindo de quem está para quem vem, como ainda é costume, que proposta se fará, que base de valorização e vida?”, são algumas das inquietações que percorrem o sistema de ensino. “A figura do professor, sobretudo na viragem do século XIX para o XX, era tida como determinante para a formação de novas gerações laboriosas e progressivas. Quase substituía o sacerdócio antigo da divindade pelo “sacerdócio” novo da humanidade e do futuro”, lembra o bispo. O professor era “expositor e guardião”, numa escola que “transmitia o saber adquirido”. A sociedade actual manifesta uma relação “ambígua com a escola”. D. Manuel indica que se compreende e advoga-se o seu papel de transmissão e inovação no campo dos saberes teóricos e práticos, mas “não se lhe dá o lugar central que pretenderia ter nesse sentido porque a escola perdeu a reverencial proeminência anterior”. “Há já há duas décadas se escrevia que o sector da educação, em Portugal, vem-se debatendo com muitas lacunas e dificuldades que condicionam o seu desejável desenvolvimento”, recorda o Bispo do Porto. Apesar de “inegáveis esforços posteriores, ainda há muito a repensar e a fazer para que a escola e a sociedade se reencontrem, com as necessárias consequências na relação cultural professor – aluno”. D. Manuel Clemente sublinha que “ao nos redefinirmos como sociedade aberta e dinâmica, do passado para o futuro, então também nos reencontraremos na escola”, porque aí “será o local onde todos deverão estar”. “A formação será obra da vida inteira, do pré-escolar ao “sénior”, aprendendo-se sempre, segundo a respectiva idade”, suscita o Bispo do Porto, e em “cada patamar de ensino se conjugarão as diversas instâncias da sociabilidade e da cultura: professores e alunos, auxiliares e famílias, instituições e ambientes, o meio próximo e o mais alargado”. O Bispo do Porto finaliza a mensagem com o apelo para que todos, “partindo do encontro inter-pessoal, avançarmos juntos para uma sociedade de todos que conte com cada um”. Notícias relacionadas Mensagem de D. Manuel Clemente por ocasião do inicio do novo ano escolar

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