Erradicação da pobreza deve envolver os poderes públicos

Reitor da Basílica dos Congregados avisa no arranque da Semana Nacional da Cáritas O reitor da Basílica dos Congregados apelou ontem a um envolvimento maior dos poderes públicos na erradicação da pobreza. Na missa que marcou o arranque da Semana Nacional da Cáritas, monsenhor Domingos da Silva Araújo lembrou que essa responsabilidade não deve estar apenasdo lado da Igreja e dos cristãos, mas também do governo e autarquias, dado que «os pobres também são cidadãos». “Pela dignidade, igual oportunidade” é o tema escolhido pela organização oficial da Igreja Católica para a promoção da sua acção social para sensibilizar, até ao dia 11 de Março, a população para a promoção de uma sociedade mais justa. Nesse sentido, o sacerdote começou por dizer na homilia «que o amor a Deus e ao próximo são inseparáveis », tratando-se mesmo de «um aspecto fundamental do ensinamento de Jesus». «A caridade é a forma mais nobre do amor, que é doação e passa por pensar mais nos outros do que em si próprio», disse monsenhor Silva Araújo, acrescentando que «se fala diariamente nas carências materiais de milhões de portugueses na pobreza, pelo que é urgente que se tome consciência que estes pobres não têm o mínimo para viver». Para o sacerdote, «a caridade também passa pela prática da justiça — a distribuição equitativa da riqueza — e não deve ser apenas a Igreja e só os cristãos a terem essa preocupação. Os pobres também são cidadãos e quem gere os dinheiros públicos não pode ficar indiferente à pobreza que se manifesta através da mendicidade — como, por exemplo, aquela que diariamente tem é visível às portas da Basílica dos Congregados — a pobreza envergonhada». «Crentes e não-crentes devem dar as mãos na resolução deste problema. É necessário que cada um de nós seja sensível às dificuldades dos outros», afirmou monsenhor Silva Araújo, realçando o papel que têm desempenhado a Cáritas, Sociedade de São Vicente de Paulo ou as equipas sócio-caritativas das diversas comunidades cristãs. «Cada comunidade deve cuidar dos seus pobres. Uma comunidade que se afirma cristã não deve tolerar que no seu seio existam pessoas sem o mínimo para viver», referiu, antes de parafrasear o Papa Pio XII: «a face do mundo podia ser mudada por uma vitória da caridade». Novos sem-abrigo Numa pequena introdução à celebração eucarística de ontem, a presidente interina da Cáritas Portuguesa recordou que existem cerca de dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, uma situação que poderia ser superada através de uma distribuição mais equitativa da riqueza produzida. «Podemos fingir que não vemos, nas esquinas das cidades, cada vez mais novos sem-abrigo. Podemos fingir que não ouvimos os desabafos dos mais velhos, os gritos de dor dos imigrantes sem emprego e o desalento dos jovens que não conseguem um primeiro emprego», referiu Isabel Monteiro, referindo, de seguida, que este organismo da Igreja Católica não tem fingido nem sequer “assobiado para o lado” perante as novas formas de pobreza. No final da eucaristia foi inaugurada uma exposição sobre o trabalho desenvolvido pela Cáritas Portuguesa e pelas Cáritas diocesanas.

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Agência ECCLESIA

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