Eritreia: Bispo de Segheneity continua preso sem explicações das autoridades

Neste país há um regime repressivo no que diz respeito à liberdade religiosa

Lisboa, 25 out 2022 (Ecclesia) – O Bispo católico de Segheneity (Eritreia) foi detido, no aeroporto de Asmara, no regresso de uma viagem à Europa, pelas autoridades daquele país, mas sem explicações oficiais para a sua prisão.

As autoridades “não dão explicação pela prisão, há mais de uma semana, do Bispo de Segheneity, D. Fikremariam Hagos”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

Desde então, e apesar de os representantes da Igreja “terem questionado o governo sobre as razões de tão grave atuação, não houve ainda qualquer explicação oficial para a prisão do bispo”.

A Agência Fides apurou que D. Fikremariam Hagos está na prisão de Adi Abeto, onde também se encontram dois sacerdotes há cerca de duas semanas: O padre Mihretab Stefanos, pároco da igreja de São Miguel de Segheneity, e o padre Abraham, um sacerdote capuchinho detido pelas autoridades na cidade de Teseney, realça a nota da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS).

Estas prisões ocorrem num momento em que “crescem as tensões neste país africano devido aos confrontos entre os diferentes movimentos separatistas na região de Tigray”.

Além disso, “o país está a intensificar o seu envolvimento na guerra civil da Etiópia, dificultando os esforços para acabar com os combates que desestabilizam toda a região nos últimos dois anos”.

A detenção do Bispo e dos dois padres vem recordar o clima de tensão existente entre a Igreja e as autoridades na Eritreia.

Em junho de 2019, as autoridades da Eritreia encerraram 21 unidades hospitalares administradas pela Igreja Católica, deixando cerca de 170 mil pessoas sem atendimento o que motivou um forte protesto por parte da hierarquia da Igreja Católica.

Cerca de um mês mais tarde, mais de uma centena de cristãos foram presos pelas autoridades, tendo-se registado também a expulsão do país de algumas religiosas que trabalham nas estruturas de saúde.

Todos estes incidentes ajudam a compreender que a Eritreia seja conhecida como a “Coreia do Norte de África”, por ser um regime particularmente repressivo no que diz respeito à liberdade religiosa.

A prisão, agora, do Bispo católico de Segheneity e de dois sacerdotes é um sinal de que a intimidação das autoridades sobre a comunidade cristã continua a fazer-se sentir na Eritreia.

LFS

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