Equador: Francisco apela à defesa da Amazónia

Papa deixou saudação a populações indígenas durante encontro com representantes da sociedade civil

Quito, 07 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje no Equador à defesa da biodiversidade e das florestas da Amazónia, durante um encontro com representantes da sociedade civil, em Quito, com um grupo de delegados das populações indígenas amazónicas.

“O Equador – juntamente com os outros países detentores de franjas amazónicas – tem uma oportunidade para exercer a pedagogia duma ecologia integral. Recebemos o mundo como herança dos nossos pais, mas também, lembremo-nos, como empréstimo dos nossos filhos e das gerações futuras, a quem o temos de devolver, e melhorado”, declarou, na igreja de São Francisco, na capital Equatoriana.

Retomando os alertas que deixou na sua encíclica ‘Laudato si’ sobre a desflorestação da Amazónia, o Papa argentino sustentou que a exploração dos recursos naturais “não deve apostar no benefício imediato”.

“O conceito económico de justiça, baseado no princípio de compra-venda, é superado pelo conceito de justiça social, que defende o direito fundamental da pessoa a uma vida digna”, observou.

A intervenção retomou a ideia de “hipoteca social”, recordando que na Doutrina Social da Igreja os bens “estão destinados a todos”, embora uma pessoa possa ostentar de forma “legítima” o seu título de propriedade.

“A esperança dum futuro melhor passa por oferecer oportunidades reais aos cidadãos, especialmente aos jovens, criando emprego, com um crescimento económico que chegue a todos e não se fique pelas estatísticas macroeconómicas, com um desenvolvimento sustentável”, defendeu o Papa, alertando para os problemas dos jovens que “nem estudam nem trabalham”.

O discurso evocou também o descarte das crianças que “se assassinam antes que nasçam”.

O pontífice argentino admitiu que muitos poderão interrogar-se sobre o motivo de "falar tanto" dos mais necessitados, "das pessoas excluídas, das pessoas à margem da estrada".

"Esta realidade e a resposta a esta realidade estão no coração do Evangelho e a atitude que tomarmos frente à mesma está inscrita no protocolo segundo o qual seremos julgados", explicou.

Francisco sublinhou ainda a importância de dar voz a todas as forças sociais, “os grupos indígenas, os afro-equatorianos, as mulheres, os grupos de cidadãos”, porque muitas vezes “as relações sociais ou o jogo político se baseiam na luta, que produz descarte”.

O Papa recebeu as chaves da cidade de Quito, antes de ingressar na igreja de São Francisco, das mãos do presidente do município local, e disse depois que este gesto o tornou uma pessoa “de casa”, da “família”.

Francisco apresentou “chaves” para a convivência social, ameaçada por problemas como “a emigração, a concentração urbana, o consumismo, a crise da família, a falta de trabalho, as bolsas de pobreza”.

“Amamos a nossa sociedade? Amamos o nosso país, a comunidade que estamos tentando construir? Amamo-la nos conceitos proclamados, no mundo das ideias? Amemo-la mais com as obras do que com as palavras”, apelou.

Francisco convidou a reconhecer a importância da família como “célula da sociedade”, onde as pessoas “recebem os valores fundamentais do amor, da fraternidade e do respeito mútuo, que se traduzem em valores sociais fundamentais: a gratuidade, a solidariedade e a subsidiariedade”.

Neste sentido, desenvolveu, a solidariedade na sociedade não consiste apenas em “dar ao necessitado” mas em “ser responsáveis uns pelos outros”.

Durante o encontro, Francisco cumprimentou duas meninas com síndrome de Down, que integravam um grupo musical atuou para o Papa, bem como uma catequista de 85 anos, do povo Montubio.

O programa do terceiro dia da viagem ao Equador encerra-se com uma visita privada à ‘Iglesia de la Compañía’, dos jesuítas, presentes em Quito desde o século XVI, incluindo uma oração diante da imagem de Nossa Senhora das Dores.

OC

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