Enfermagem deve ser uma vocação

O Arcebispo de Braga defendeu que a Enfermagem deve ser interpretada não simplesmente como uma profissão, mas como uma vocação, independentemente das polémicas que têm surgido na área da saúde e das interrogações e perplexidades que rodeiam o mundo do trabalho. Na homilia da missa de finalistas dos estudantes da Escola Superior de Enfermagem, D. Jorge Ortiga falou das preocupantes e divergentes estatísticas do desemprego, salientando que «a entrega e dedicação» devem ser as palavras de ordem para vencer todas as dúvidas e desafios que surjam, particularmente nesta área. O prelado lembrou os jovens que, ao longo do seu percurso académico, adquiriram conhecimentos «para servir uma sociedade que pode e deve ser melhor» e incentivou-os a fazerem da sua profissão «um instrumento importante para alcançar a felicidade». D. Jorge reportou-se à necessidade de promover «uma relação nova com Deus e com a Humanidade» e, neste sentido, pediu aos finalistas que, no início desta nova caminhada, contribuam para uma sociedade mais justa, humana e fraterna. O chefe da Igreja bracarense disse, metaforicamente, que a sociedade de hoje é, nas mais variadas áreas, uma espécie de vestido velho e roto que se vai tentando remendar com um pano novo, a ver até onde se consegue aguentar. Mas, às vezes, o rasgão é bastante grande. Por isso, urge uma «verdadeira e autêntica revolução», alicerçada no amor, dedicação e entrega, que permita um mundo novo. O Arcebispo de Braga desejou felicidades aos jovens e, em jeito de repto final, pediu-lhes que pensem também «na felicidade dos outros, na dor e no sofrimento», mesmo que para isso seja necessário romper os esquemas que levam a esquecer o humanismo. «A igreja precisa de vós para construir esse mundo novo, a partir da vossa vida pessoal e profissional», exortou. Escola de Enfermagem muda-se para edifício dos Congregados A Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian da Universidade do Minho vai sair, já em Agosto, das instalações do Seminário Nossa Senhora da Conceição, na rua do Taxa, mudando-se para o edifício dos Congregados, mas, só em Outubro, é que desocupa as instalações junto ao hospital, onde ainda funcionam os laboratórios. A informação foi avançada ontem pela presidente da Escola, Beatriz Rodrigues Araújo, no fim da missa de finalistas e imposição de insígnias a 22 alunos do sétimo curso de licenciatura em Enfermagem e a 29 enfermeiros que terminaram a Especialização em Saúde Materna e Obstetrícia. Beatriz Araújo adiantou que, em Outubro, a Escola de Enfermagem estará a funcionar em pleno – licenciaturas e pós-graduações – no edifício dos Congregados, que está, neste momento, a sofrer obras de remodelação. «Vamos partilhar o espaço com a Música, com a Comissão Instaladora do Instituto Ibérico de Investigação, com alguns serviços da reitoria e com a TecMinho», revelou aquela responsável, acrescentando que ainda não se sabe quando é que a Escola de Enfermagem poderá a vir instalar-se definitivamente no terreno de que dispõe junto à Escola de Ciências da Saúde e do novo hospital, em Gualtar. Beatriz Araújo afirmou que o Plano Funcional para a construção da Escola já está elaborado, a obra está inscrita no Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), mas não tem dotação orçamental, de modo que não é possível fazer quaisquer previsões. Especialização em Enfermagem da Reabilitação No que respeita à formação, a presidente da Escola adiantou ainda que vai avançar, no próximo ano lectivo 2007/2008, o curso de especialização em Enfermagem da Reabilitação e vai ser reeditada a especialização em Saúde Materna e Obstetrícia. Além disso, estão a ser reunidas as condições para a criação de dois mestrados, que só deverão funcionar em 2008/2009. No discurso que proferiu, no final da cerimónia, Beatriz Araújo disse que «terminado um período de formação segue- se a necessidade e o desejo de aprofundar conhecimentos». Neste sentido, o processo de Bolonha, motor de profundas mudanças em curso, deve ser também para os enfermeiros um desafio que obriga a repensar não só o sistema de formação, como também a equacionar o seu impacto futuro na estrutura profissional. Aquela responsável assegurou que «os enfermeiros, independentemente da sua área de actuação, estão aptos a enfrentar mais esta mudança, pois uma das grandes forças da Enfermagem é a sua potencial flexibilidade e a sua capacidade de adaptação às necessidades de mudança». Optimismo quanto ao futuro Aquela responsável mostrou-se, contudo, muito optimista quanto ao futuro dos enfermeiros, dado que «os seus serviços tendem a ser cada vez mais qualificados e procurados, considerando o aumento constante das preocupações com a saúde e a consequente valorização dos cuidados prestados nesta área». Beatriz Araújo falou ainda do aumento da população idosa que requer cuidados de saúde mais complexos, tendo, por isso, sido criada a Rede de Cuidados Continuados e a reorganização dos Cuidados de Saúde Primários. A presidente da Escola de Enfermagem advertiu ainda que, no actual contexto, em que se assiste a múltiplas e complexas transformações no Serviço Nacional de Saúde português, as novas condições de concorrência exigem grande capacidade de adaptação e de gestão da imprevisibilidade, não só em relação à situação do trabalho, mas em outras dimensões, que exigem a cada um uma grande capacidade de empreendedorismo.

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