Prioridade passa por consolidar o papel da religião enquanto ferramenta de «leitura do mundo»
Lisboa, 30 jan 2012 (Ecclesia) – As equipas diocesanas de coordenação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) querem reforçar a identidade da disciplina na sociedade e reclamam mudanças para a legislação “obsoleta” que está em vigor neste setor.
Estas medidas estiveram no centro do debate de uma ação de formação intitulada “Liderança em EMRC e relações inter-pessoais: Perspetivas e desafios”, entre sexta-feira e domingo em Fátima, organizada pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).
Perante cerca de uma centena de professores, mais 250 que acompanharam o evento via Internet, o professor Juan Ambrósio, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), recordou a importância de consolidar o “religioso como dimensão da realidade”.
“Mesmo que eu faça a opção de não ser crente tenho que estudar o fenómeno religioso porque ele está na minha própria génese”, salientou o docente, citado pelo site do SNEC, Educris.
Na mesma linha, mas indo ao encontro da interação que a disciplina de EMRC estabelece com os jovens, Alfredo Dinis, também da UCP, elegeu como prioridade o estabelecimento de um quadro pedagógico que leve o adolescente “a valorizar o religioso” enquanto ferramenta de “leitura do mundo”.
Para tal, os professores precisam de transmitir aos seus alunos a “simbologia presente na mundividência religiosa”, apontou o docente, classificando ainda as famílias como mais-valias essenciais na educação religiosa dos mais novos.
Os responsáveis diocesanos de EMRC estenderam a problemática da renovação até ao quadro legal que está em vigor para a disciplina, sobretudo no que diz respeito ao primeiro ciclo.
Segundo o coordenador do Departamento Nacional de EMRC, professor Dimas Pedrinho, a legislação “é obsoleta” e não se enquadra nas necessidades de um setor que sofreu “profundas mudanças ao longo dos anos”.
Mudanças que, de acordo com os oradores presentes, levantaram novos desafios a todos quantos trabalham nesta área, a começar pela necessidade de uma formação mais adequada.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, os docentes de EMRC devem “ter presente que a fasquia pela qual a disciplina se norteia é a da exigência perante a legislação vigente”, lamentando a “falta de professores profissionalizados” nesta área.
D. António Francisco dos Santos partilhou ainda a experiência de relação mantida com o Ministério da Educação (ME) e disse sentir, do lado do Governo, a “clara convicção” de que a disciplina é “importante. “Se o ME é claro nesta afirmação temos que ser profissionais na resposta”, sustentou.
O prelado terminou a sua intervençao lançando um desafio a todos os presentes: “temos que “desencantar” professores de EMRC que amem a EMRC e que apostem neste projeto, simultaneamente profissional e vocacional” pois, só desta maneira estaremos a ” dar tudo pelos nossos alunos”.
JCP