Formação para docentes no Porto abordou temas como a eutanásia, o tráfico humano, os refugiados e a família
Porto, 13 fev 2017 (Ecclesia) – Os professores de EMRC debateram sábado e domingo no Porto os desafios da sua missão, no contexto das grandes temáticas que envolvem a vida como a eutanásia, o tráfico de pessoas, a crise de refugiados e a família.
Centenas de docentes de todo o país participaram nesta iniciativa, na Casa Diocesana do Vilar, subordinada ao tema ‘Dignidade da Vida Humana: Um percurso em construção numa escola com lu(cide)z’.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o coordenador do Departamento do Ensino Religioso Escolar (DERE) da Igreja Católica destacou a importância de “dar aos professores as ferramentas para depois, em contexto de sala de aula, encontrarem a melhor maneira de ajudar os alunos a pensarem sobre estas questões fraturantes”.
Para Fernando Moita, os cristãos têm hoje de ter uma palavra a dizer, “em toda esta dimensão do não respeito e das chagas humanas que existem hoje em dia”.
Aos professores de EMRC exige-se que “sejam mais lúcidos”, que sejam portadores de uma “luz” capaz de “ajudar a escola a fazer aquilo para o qual existe, que é formar, preparar as pessoas para a vida” e “os jovens para que possam ser agentes” de vida, “no futuro”, apontou aquele responsável.
Sobre a realidade concreta dos professores, das suas dificuldades, a Agência ECCLESIA falou com Ricardo Domingues, docente do Colégio de Nossa Senhora da Apresentação, em Aveiro.
De acordo com aquele docente, é essencial uma boa preparação para falar hoje com os alunos, quando muitas vezes “eles entendem que só aquilo que construíram como conceito é que é válido”.
Por exemplo, sobre a eutanásia, “muitos entendem que está certo e que não há problema nenhum em pedir-se a morte medicamente assistida. E levar alguma coisa que dê um sentido diferente à vida, que tenha princípio e valor, é muito difícil”, admitiu Ricardo Domingues.
O professor Américo Pereira, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, foi um dos oradores presentes no encontro nacional de formação para educadores de EMRC e alertou para a necessidade de um ensino mais “adaptado” às circunstâncias e menos “pré-fabricado”.
Pois aí estará a diferença entre ter crianças e jovens que são meros “repetidores” de informação ou ter toda uma geração futura “capaz de pensar por si própria”.
Para o docente universitário, “o mundo está numa dramaticidade tremenda” e “ou as pessoas têm discernimento” perante os acontecimentos, ou são capazes de “analisar as coisas com um horizonte de possibilidade”, que “é a esperança”, ou então “a humanidade cairá”.
Um dos setores que tem uma palavra a dizer na educação das crianças e jovens, e da sociedade em geral, é a comunicação social.
O jornalista Micael Pereira, do jornal ‘Expresso’, levou ao evento a sua experiência, considerando que “os media têm um grande desafio pela frente”, que é ajudar os mais novos “a compreender os fenómenos que são mais decisivos”.
Uma missão que não têm estado a cumprir, sobretudo pela “superficialidade da informação” que muitas vezes é posta a circular.
“Nós assistimos a uma tendência crescente de haver informação a toda a hora, em todas as plataformas, e isso de alguma forma contribui para que seja mais difícil as crianças terem ideias claras sobre o que se passa à sua volta e saberem de que forma é que podem participar”, alertou aquele profissional da comunicação.
Em cima da mesa no encontro de formação estiveram ainda temas como a bioética, o aborto e a mundo das prisões.
JCP