EMRC: Diálogo cultural deve substituir a «lógica do ensino»

Terminaram em Ponta Delgada as Formações (inter)diocesanas para professores de Educação Moral e Religiosa Católica

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Ponta Delgada, Açores, 19 mar 2018 (Ecclesia) – O Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada, recebeu a última sessão das Formações (inter)diocesanas que, desde janeiro percorreram o país, desafiando os professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) a encarar os novos desafios educativos.

50 docentes oriundos do Pico, Terceira e São Miguel, foram confrontados com a “mutação cultural” que se está a verificar entre os jovens.

Um tema sublinhado por Alfredo Teixeira, para quem “os adolescentes já têm grande autonomia na forma como constroem as suas ideias acerca do mundo e na forma como as validam”.

O investigador da Universidade Católica Portuguesa (UCP) considera que esta realidade “é um desafio para a escola” pois no seu entender “a comunicação já não pode ser apenas no sentido professor aluno”.

“O diálogo cultural pode substituir a lógica do ensino” e considera que a disciplina de EMRC está “numa posição muito favorável para abordar esta dinâmica da diferença”, acrescenta.

O «Desenvolvimento sociomoral e religioso na infância» foi outro dos temas em destaque nesta formação, que decorreu no sábado.

Ana Costa Oliveira, da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, considera que o desenvolvimento da fé e o crescimento humano “funcionam em uníssono” e a família desempenha neste processo um papel central que o professor pode “potenciar”.

A oradora identificou ainda uma “mentalidade educativa” que tende a promover apenas “o conhecimento e a competitividade”, chamando a atenção para alguns “desequilíbrios” que estão a marcar o processo educativo.

Para a docente, há hoje um “investimento excessivo” nas capacidades cognitivas, esquecendo a “capacitação para o ser pessoa em relação”.

Neste contexto, a EMRC surge como uma disciplina que “vai muito além da experiência crente” e o professor é um agente que deve provocar nos alunos um pensamento “mais descentrado de si próprio e mais centrado no outro”.

A formação decorreu numa parceria entre o Secretariado Diocesano do Ensino Religioso e o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) e teve como objetivo central promover a formação entre os docentes de EMRC e estimular neles a partilha de conhecimentos e experiências.

No final de um itinerário que levou este modelo a oito pontos do país (Porto, Braga, Coimbra, Viseu, Lisboa, Beja, Funchal e Ponta Delgada), o coordenador do departamento de EMRC do Secretariado Nacional de Educação Cristã, Fernando Moita, considera que foi “uma aposta ganha”.

900 docentes beneficiaram deste modelo que levou às dioceses “alguns dos melhores especialistas nas matérias abordadas”.

Fernando Moita destaca a “colaboração” entre os Secretariados Diocesanos e o SNEC como uma via que importa aprofundar ainda mais.

Para este responsável, é importante “as estruturas nacionais chegarem junto dos professores”, aproximação que confere uma “dimensão mais humana e pedagógica” entre os que lecionam nas escolas, o SNEC e a Comissão Episcopal da Educação Cristã.

HM/OC

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