Emprego: Trabalhadores cristãos incentivados a denunciar situações de «imoralidade, injustiça e subserviência»

Liga Operária Católica promoveu seminário internacional em Aachen, na Alemanha

Lisboa, 09 set 2013 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica /Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) de Portugal promoveu entre quinta e domingo um seminário internacional sobre “o passado e o futuro do trabalho”, em Aachen, na Alemanha.

Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o organismo realça que no “diagnóstico” realizado durante a iniciativa, constatou-se “mais uma vez a influência do modelo ideológico neoliberal na origem da crise económica e financeira de 2007 e na destruição de tantos postos de trabalho”.

A análise, baseada na realidade atual de Portugal, Alemanha e Inglaterra, permitiu comprovar “a imoralidade, a injustiça e a subserviência que predominam nos novos contratos de trabalho”.

Acordos que, segundo a LOC, “deveriam ter o repúdio e a denúncia corajosa por parte de todos, principalmente, aqueles que estão obrigados a assinar tais contratos, pondo em causa princípios fundamentais da dignidade humana muito presentes e claros no Ensino Social da Igreja”.

O atual “modelo de desenvolvimento, com fraca articulação com a economia real, que mercantiliza os trabalhadores e a sua vida social”, que esteve na origem da crise, do “aumento das desigualdades sociais”, das “medidas de austeridade”, não pode ser encarado de uma forma derrotista ou conformista, realça o movimento.

“A doutrina social da Igreja recomenda, antes de tudo, evitar o erro de considerar que as mudanças em curso ocorrem de modo determinista, havendo, sempre, a possibilidade de encontrar outras alternativas”, recordam os trabalhadores católicos.

Organizado em parceria com o KAB – Movimento Católico de Trabalhadores da Alemanha, o seminário contou com a participação da economista portuguesa Manuela Silva, que abordou “o trabalho humano no Ensino Social da Igreja”.

“Mudam as formas históricas em que se exprime o trabalho humano, mas não devem mudar as suas exigências permanentes, que se resumem no respeito dos direitos inalienáveis do ser humano que trabalha” realça a LOC-MTC, citando o n.º 319 do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

“Outra das constatações” feitas durante o evento em Herzogenrath, na diocese de Aachen, foi a tendência de “alguns governos europeus” enveredarem por um caminho onde o Estado deixa de “exercer a sua função reguladora, de responsabilidade social e de garante do bem-estar das populações”.

Em causa está sobretudo a privatização de “serviços e bens públicos importantes para a qualidade de vida dos cidadãos”, como o fornecimento de água, eletricidade e de serviços de saúde.

Perante este cenário, a LOC-MTC destaca a importância das pessoas estarem “a reagir dizendo que têm um papel a desempenhar na mudança, o que representa um sinal de esperança”.

Os trabalhadores cristãos devem sentir-se “especialmente interpelados” a participar, “fomentando o compromisso nos sindicatos, nos partidos políticos e em outras plataformas”, enquanto “espaços de uma missão evangelizadora”, sustenta a organização.

JCP

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