Eleições: Comissão Nacional Justiça e Paz pede aos 21 eurodeputados portugueses que «não se transforme a Europa numa fortaleza»

CNJP afirma que a mobilização dos europeus depende da garantia dos «valores da paz» e do «respeito pelos direitos humanos e da justiça social»

Lisboa, 02 mai 2019 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) considera que “só uma União Europeia coerente com os valores da paz” pode  só “suscitar a confiança” e pede aos 21 deputados de Portugal que não transformem o continente “numa fortaleza”.

“É nossa firme convicção que só uma União Europeia coerente com os valores da paz, do respeito pelos direitos humanos e da justiça social pode suscitar a confiança, o entusiasmo e a mobilização de todos os europeus”, lê-se no documento enviado hoje à Agência ECCLESIA.

As eleições para o Parlamento Europeu decorrem dia 26 de maio e a CNJP espera que os 21 candidatos europeus que vão ser eleitos devem assegurar “um empenho de abertura da Europa ao mundo” para que “não se transforme numa fortaleza alheia aos problemas” que se vivem ao seu redor.

“Portugal tem relações privilegiadas com países lusófonos que se contam entre os que mais sofrem a pobreza e a consciência deste drama deve estar presente no Parlamento Europeu”, acrescenta o documento.

Para “superar a crise de confiança” no projeto da União Europeia que se sente atualmente, a Comissão Justiça e Paz Europa e a Comissão Nacional Justiça e Paz entendem ser importante ter “como prioritárias” quatro áreas: “A justiça social; o combate ao desperdício alimentar; o fim da exportação de armas que possam ser utlizadas em guerras e conflitos” e o “respeito pelos direitos humanos por parte de empresas multinacionais”.

Sobre a ‘justiça social, contra as desigualdades de distribuição de riqueza entre as várias regiões da União Europeia’, a CNJP alerta que “não são compatíveis” desequilíbrios como os que se verificam atualmente e, a título de exemplo, apresenta a “diferença entre o custo médio da hora de trabalho na Bulgária (4,90€) e na Dinamarca (42,50€)”.

“Importa, por isso, dar um novo e decisivo impulso às políticas europeias de desenvolvimento regional. Temos presente que o autêntico desenvolvimento não se mede apenas pelo PIB; para além da dimensão económica, envolve dimensões sociais, culturais, ecológicas e espirituais, para que se traduza em desenvolvimento humano integral”, desenvolve.

Aos deputados que vão ser eleitos no próximo dia 26 de maio para o Parlamento Europeu é pedido também o “estabelecimento de metas obrigatórias de redução do desperdício alimentar” na União Europeia onde o atualmente é estimado “em 88 milhões de toneladas por ano, ou seja, mais de um quinto da produção”.

A terceira “questão prioritária” da CNJP alerta que, nos últimos anos, as armas produzidas no Mercado Único Europeu “foram utilizadas em diversas guerras e conflitos”, por isso, pede o fim da exportação de armas para essas realidades.

“Os países da União Europeia no seu conjunto são o segundo maior exportador de armas do mundo; Manter a paz e promover os direitos humanos foram as motivações mais importantes que levaram à criação da União Europeia”, assinala o documento.

O último ponto do “apelo ao próximo Parlamento Europeu” pede “respeito pelos direitos humanos por parte de empresas multinacionais” e alerta que o P.I.B. (produto interno bruto) de alguns países em desenvolvimento “é inferior ao volume de negócios de várias empresas multinacionais, algumas com sede na União Europeia”.

Em junho de 1987 realizaram-se as eleições para escolher os primeiros eurodeputados portugueses, com direito a 24 lugares no Parlamento Europeu, e o Centro de Informação Europeia Jacques Delorsinforma que as atividades diárias dos eurodeputados dividem-se “entre o trabalho para os seus eleitores no respetivo país de origem, o trabalho nas comissões, os debates nos seus grupos políticos, bem como os debates e as votações em sessão plenária” e podem também fazer parte de uma “delegação para as relações com países terceiros”.

CB/PR

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