Bispo de Lamego lamenta que apesar de sucederem «atores e partidos», «pouca coisa» mude efetivamente
Lamego, 03 ago 2021 (Ecclesia) – D. António Couto disse que os novos presidentes das autarquias devem procurar servir e não “ser servidos”, destacando que a eleição não deve ser encarada como uma promoção.
“Espero que os eleitos não pensem que são promovidos, não o são. Ficam a ser servos, mais servos ainda. E servos inúteis que não querem ser senhores”, afirmou à Agência ECCLESIA o bispo de Lamego.
O responsável católico recupera a passagem do Evangelhos segundo São Lucas, ao afirmar que os servos “servem apenas para servir”.
“Um servo inútil só serve para servir, não para um dia seguir a tentação de querer ser Senhor. O «eu quero, posso e mando». É normalmente o que se passa, sejam quais forem as figuras e os partidos”, lamenta.
No dia 26 de setembro os portugueses são chamados a participar nas eleições autárquicas que irão eleger os responsáveis por 308 municípios, e respetivos presidentes das assembleias municipais, e os presidentes das 3091 Juntas de freguesia em Portugal.
D. António Couto considera que, com as eleições, “pouca coisa mudará”.
“Podem mudar os atores mas as coisas continuam a mesma coisa. Penso eu. Penso que isso não muda o mundo. Pode mudar a vida de alguns eleitos, de uma ou outra pessoa, mas espero que não mude. Espero que eleitos não pensem que são promovidos, mas sejam servos”, conclui.
A entrevista ao bispo de Lamego foi emitida esta quinta feita no programa Ecclesia, onde reflete sobre a importância de uma Igreja mais familiar, sobre o tempo de pandemia que indica ser “já um tempo de esperança” e pede uma “voz ética” que guie a construção social.
PR/LS
Entrevista na íntegra:
Atualizado em 06.09.2021