Eleições: Crise exige liderança e cooperação

Investigadores e economistas traçam «perfil» de Governo ideal, na edição desta terça-feira do Semanário ECCLESIA

Lisboa, 31 mai 2011 (Ecclesia) – Jacinto Jardim defende que o “clima de insatisfação”, que tem sido imagem de marca de um Portugal em crise, exige responsáveis políticos capazes de “construírem interações inteligentes” com a sociedade.

No dossier do Semanário ECCLESIA desta terça-feira, dedicado às eleições do próximo dia 5 de junho, o professor do Instituto Piaget fala na necessidade de criar um novo modelo de liderança para o país, baseado antes de mais na “capacidade de agir em conjunto”.

“Quando o partidarismo, o individualismo e a competição desmesurada se sobrepõem à capacidade de trabalhar em equipa, impõe-se apontar aos dirigentes a premência da cooperação” realça o investigador, acreditando que “só assim quem é pago para estar ao serviço do bem comum se focalizará nas problemáticas emergentes”.

Para além desta lacuna, Jacinto Jardim aponta que quem governa também não tem dado sinais da sua “liderança” ou “empreendedorismo”, nem tão pouco revelado sinais da “autoridade” necessária para retirar a nação do abismo económico e social para onde resvalou.

Apesar destes fatores, o docente mostra-se convicto de que “os desafios atuais” representam uma “oportunidade” de mudança.

“Esperamos que sejam autênticos laboratórios de um novo perfil de dirigente político e que as gerações vindouras de políticos beneficiem da aprendizagem adquirida neste período da nossa história”, conclui.

Mário Murteira acrescenta às características atrás enumeradas a necessidade de “um poder central forte, de larga base de apoio e com lúcida visão dos objetivos a atingir e instrumentos a utilizar”.

Este economista pede ainda uma maior verdade política, já que “não vale a pena iludir as presentes dificuldades com discursos bem intencionados, mas que confundem os desejos com as realidades”.

E a realidade atual, para João César das Neves, é que “Portugal, nos dez anos de 2000 a 2009, viu crescer o produto per capita em dólares a uma taxa próxima da estagnação”, só superior, no último século, àquela que se verificou “na primeira década da República, 1910 a 1919”.

“Embora sempre numa trajetória de dificuldade e redução de despesas”, Portugal deve aproveitar para “lançar novas dinâmicas e oportunidades”, baseadas numa “atitude mais produtiva” e eliminar “privilégios injustificados e direitos exagerados”, sustenta o economista.

De acordo com Henrique Joaquim, trata-se antes de mais de “criar condições para a construção de solidariedades vividas”, libertas das amarras de uma “excessiva normatização”.

É que, até agora, segundo este professor da Universidade Católica Portuguesa, o que se tem visto é “uma verdadeira inércia para o serviço à causa pública e para o bem comum”.

JCP

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