Egipto: Núncio nega «ingerência» papal

D. Michael Fitzgerald, antigo presidente do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso, diz que Bento XVI pede respeito por todos os crentes

Lisboa, 07 Jan (Ecclesia) – O representante diplomático do Papa no Egipto assegurou que o Papa não encoraja a “ingerência nos assuntos internos” dos Estados ao pedir a defesa da liberdade religiosa.

D. Michael Fitzgerald, Núncio Apostólico no Cairo, respondeu, através de uma nota, às críticas lançadas a Bento XVI por causa das suas intervenções a condenar o atentado de 1 de Janeiro, numa igreja ortodoxa copta de Alexandria.

Segundo este responsável, antigo presidente do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso, o Papa pede “a todos” que as religiões sejam respeitadas.

No Angelus do último dia 2, Bento XVI condenou o “vil” atentado de Alexandria, que provocou 23 mortes, palavras que suscitaram reacções do imã de Al-Azhar, Ahmed al Tayyeb, para quem as mesmas implicavam “uma ingerência inaceitável nos assuntos do Egipto”.

O Núncio no Cairo prefere, no entanto, destacar “duas coisas dignas de nota” nas intervenções papais.

“A primeira é o reconhecimento de que o ataque contra os cristãos se repercute em toda a população e a segunda é o apelo para responder de modo não violento”, indica.

O arcebispo Fitzgerald refere ainda que o Papa pediu às pessoas que não se “submetam às forças negativas do egoísmo e da violência”.

A nota conclui-se com a indicação de que em Outubro de 2011 Bento XVI vai assinalar o 25.º aniversário da jornada inter-religiosa de oração pela paz, em Assis (Itália), convocada pelo seu predecessor, João Paulo II.

Depois do atentado no primeiro dia de 2011, os cristãos coptas viveram um Natal sem violência, tanto no Egipto, de onde são oriundos, como nas igrejas na diáspora.

Tal como outras comunidades que usam o calendário juliano (anterior ao gregoriano, em uso na maior parte do mundo), os cristãos coptas também festejam hoje o Natal.

As medidas de segurança foram muitas, não só no Egipto como em países como França, Reino Unido, Holanda, Suíça e na América do Norte, onde vivem milhares de coptas.

As celebrações no Cairo decorreram sem qualquer incidente mas com uma presença muito forte das forças de segurança, tanto no exterior como dentro das Igrejas.

Em Alexandria, o Patriarca Shenouda III presidiu à liturgia e rezou pelos mortos no atentado de 1 de Janeiro.

RV/RR/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top