Audiência a professores, educadores e associações de pais, indicou estabelecimentos de ensino como lugares de esperança e construtores de um mundo em mudança
Cidade do Vaticano, 04 jan 2025 (Ecclesia) – O Papa Francisco convidou hoje professores, associações de pais e demais educadores, a “imaginar a paz” no espaço escolar, lançando “bases de um mundo mais justo e fraterno”.
“Sois chamados a desenvolver e a transmitir uma nova cultura, baseada no encontro entre gerações, na inclusão, no discernimento do verdadeiro, do bom e do belo; uma cultura de responsabilidade, pessoal e coletiva, para enfrentar os desafios globais, como as crises ambientais, sociais e económicas, e o grande desafio da paz. Na escola, pode-se «imaginar a paz», isto é, lançar as bases de um mundo mais justo e fraterno, com o contributo de todas as disciplinas e a criatividade das crianças e dos jovens”, afirmou numa audiência à Associação Católica Italiana de Professores, à União Católica Italiana de Professores, Gestores, Educadores e à Associação de Pais das Escolas Católicas.
Francisco referiu o ‘bullying’ como ocasião de guerra e pediu coragem para não praticarem comportamentos agressivos.
“Se na escola fizerem guerra entre vós, se na escola intimidarem as raparigas e os rapazes que têm problemas, isso é preparar a guerra e não a paz! Por favor, nunca pratiquem bullying! Compreendem isto? [resposta: “Sim!”] Nunca mais o bullying! Dizemo-lo todos juntos? Vamos lá! Nunca mais o bullying! Coragem e força. Trabalhem nisso”, pediu.
Na audiência composta por professores e educadores, o Papa assinalou o método “pedagógico” de Jesus, a proximidade, a que acrescentou “a compaixão e a ternura”, atitudes que se revelam na vida próxima das pessoas.
“Como um professor que entra no mundo dos seus alunos, Deus escolhe viver entre os homens para ensinar através da linguagem da vida e do amor. Jesus nasceu numa condição de pobreza e de simplicidade: isto chama-nos a uma pedagogia que valoriza o essencial e coloca no centro a humildade, a gratuidade e o acolhimento. Uma pedagogia distante e fora de contacto com as pessoas não serve para nada, não ajuda”, explicou.
Francisco indicou que a pedagogia “é um convite” para reconhecer a dignidade de cada pessoa, “os descartados e marginalizados”, e a valorizar “todas as fases da vida, incluindo a infância”.
“A família é o centro, não se esqueçam disso! Uma pessoa contou-me que, num domingo, estava a almoçar num restaurante e na mesa ao lado estava uma família: pai, mãe, filho e filha. Os quatro estavam ao telemóvel, sem falarem uns com os outros. Este senhor ouviu qualquer coisa, aproximou-se e disse: ‘Mas vocês são uma família, porque é que não falam uns com os outros e falam assim? É uma coisa estranha…”. Eles ouviram-no, disseram-lhe para ir para o inferno e continuaram a fazer essas coisas. Por favor, falem uns com os outros na família! A família é o diálogo, o diálogo que nos faz crescer”, recordou.
No contexto do Jubileu do Ano Santo iniciado há dias, o Papa indicou que este acontecimento festivo “tem muito a dizer ao mundo da educação e da escola” e que a esperança é o “motor” que conduz o educador a um “empenho quotidiano, mesmo nas dificuldades e nos fracassos”.
“«Peregrinos da esperança» são todas as pessoas que procuram um sentido para a sua vida e também aquelas que ajudam os mais jovens a percorrer este caminho. Um bom professor é um homem ou uma mulher de esperança, porque se dedica com confiança e paciência a um projeto de crescimento humano. A sua esperança não é ingénua, está enraizada na realidade, sustentada pela convicção de que todo o esforço educativo tem valor e que cada pessoa tem uma dignidade e uma vocação que merecem ser cultivadas”, reconheceu.
Francisco lamentou a exploração de crianças “que trabalham, à procura de comida ou de coisas para vender onde há lixo”.
Na celebração de diferentes aniversários das associações que recebeu em audiência, Francisco enalteceu o “caminho conjunto” para “melhorar a escola” numa comunidade que “precisa do contributo de todos” e convidou os presentes a pensar nas instituições escolares, com “humildade e novidade”, como o “futuro da sociedade, em plena transformação epocal”.
“Tudo isto vos encorajo a fazer em conjunto, numa espécie de ‘pacto entre as associações’, porque assim podereis testemunhar melhor o rosto da Igreja na escola e para a escola. A esperança nunca desilude, nunca, a esperança nunca fica parada, a esperança está sempre no caminho e faz-nos caminhar”, concluiu.
LS