Responsável mundial pelas escolas dos Salesianos destaca necessidade de encontrar novas respostas
Lisboa, 18 set 2020 (Ecclesia) – O religioso português Tarcízio Morais, responsável mundial pelas escolas dos Salesianos, defendeu que a pandemia obriga a novas respostas, no campo da educação, promovendo tanto o digital como o encontro físico.
“Há outras metodologias, outras didáticas, à distância e em presença, que podem ganhar com este novo mundo do digital, da tecnologia. Mas a escola não é só tecnologia, não é só digital, é também encontro e espaço social, espaço de crescimento”, indica o sacerdote, convidado da entrevista conjunta Renascença/Ecclesia, publicada e emitida semanalmente à sexta-feira.
Numa semana marcada, em Portugal, pela reabertura das escolas públicas, o coordenador do Departamento de Escolas e de Formação Profissional do Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana destaca a “capacidade da ação educativa como transformadora da realidade do jovem e das sociedades”, como indica o Papa Francisco.
“O digital ajuda, a tecnologia ajuda, e temos de aprender a intervir com estes meios, no espaço da escola, para a melhorar e para a tornar mais atual, sem nunca esquecer este lado humano”, observa.
Esta relação é apresentada pelo especialista como “uma das emergências educativas” do momento, realçando que “a escola já estava em crise”.
Num momento de crise e adaptações, o religioso destaca que a escola oferece um “horizonte de sentido”.
O padre realça que, no tempo de confinamento, as famílias “também perceberam quão difícil é a escola e fazer escola”.
Os jovens pedem-nos para estarmos presentes com eles, pedem-nos que os acompanhemos, que habitemos a complexidade da sua vida, tornando-a cada vez mais humana”.
Os Salesianos estão presentes, com as suas instituições, em 134 países, procurando oferecer uma “oportunidade de vencer as desigualdades, de vencer a carência educativa”.
A congregação procurou “novas formas de empatia e de relação”, num momento em que muitas escolas tiveram de fechar.
“Uma das coisas que esta doença nos mostrou é a nossa fragilidade, as nossas debilidades e quão necessária é a relação, o estarmos juntos, o sermos acompanhados uns pelos outros”, assinala o padre Tarcízio Morais.
O responsável admite que, com o ensino à distância e o recurso às plataformas digitais, “a desigualdade cresceu”, pelo que é necessária “uma resposta ainda mais solidária e mais capaz de chegar àqueles que perderam tempo, espaço e oportunidade”.
“O aumento da pobreza em geral, o aumento das desigualdades e do mal-estar social implica uma resposta por parte da Igreja”, acrescenta.
Quanto à suspensão das celebrações comunitárias, na Igreja Católica, o religioso português destaca que, neste momento, se “descobriu como é importante este diálogo, com os media e toda a sua dinâmica, sem perder o “essencial” da fé e da sua celebração, em comunidade.
“Essa intimidade de encontro que se faz pão partilhado é, de facto, algo que nos alimenta e que nos dá força, que nos entusiasma no nosso viver, e que não podemos perder como experiência de comunidade e como experiência de fé”, conclui.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia).