Iniciativa decorre até 25 de janeiro, com várias celebrações em Portugal
Lisboa, 18 jan 2020 (Ecclesia) – Começa hoje, 18 de janeiro, o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos, que une milhões de pessoas de várias Igrejas até ao dia 25 de janeiro, e recorda este ano os migrantes e refugiados que são vítimas de naufrágios no Mediterrâneo.
A reflexão proposta para as igrejas cristãs de todo o mundo foi preparado pelas comunidades do arquipélago maltês, a partir do relato bíblico do naufrágio de São Paulo II (século I), que o levou até à ilha de Malta, onde, segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, foi tratado com “invulgar humanidade”.
“Hoje muitas pessoas estão a enfrentar terrores semelhantes, nesses mesmos mares. Os lugares mencionados no texto também fazem parte das histórias de migrantes de tempos modernos”, refere a proposta de reflexão, publicada em conjunto pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) e a Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial das Igrejas.
Os materiais que partiram das Igrejas Cristãs em Malta e Gozo (Cristãos Unidos em Malta), destacando a chegada da fé cristã a estas ilhas, através do apóstolo Paulo.
Evocando as “crises da migração”, o texto recorda que “muitos estão a fazer jornadas perigosas por terra e pelo mar para escapar de desastres naturais, guerra e pobreza”.
“As suas vidas também estão expostas a imensas e friamente indiferentes forças – não apenas naturais, mas também políticas, económicas e humanas”, pode ler-se.
Essa indiferença humana assume várias formas: a indiferença dos que vendem lugares em barcos inadequados para pessoas desesperadas; a indiferença que leva à decisão de não enviar barcos de socorro; a indiferença que faz mandar embora barcos de imigrantes”.
Os cristãos são convidados à “hospitalidade”, testemunhando em conjunto a “amorosa providência de Deus para todas as pessoas”.
“A nossa própria unidade cristã será descoberta não apenas mostrando hospitalidade uns aos outros, embora isso seja muito importante, mas também através de encontros amigáveis com aqueles que não partilham nossa língua, cultura ou fé”, indica a proposta de reflexão.
A passagem bíblica escolhida para 2020 foi tirada do livro dos Atos dos Apóstolos (27,18-28,10), narrando o naufrágio de São Paulo a caminho de Roma, com o tema “Demonstraram-nos uma benevolência fora do comum”.
Algumas das iniciativas que assinalam a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, em Portugal, são a celebração nacional, este sábado, na Sé de Aveiro, às 21h00; a oração promovida pelos cristãos católicos, greco-católicos, evangélicos, anglicanos, luteranos e ortodoxos do Algarve, às 16h00 também deste sábado, na igreja de São Francisco, em Faro; a vigília ecuménica que decorre na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, às 21h00 de hoje; a proposta das igrejas cristãs do Porto que pedem a todas as comunidades que rezem pelo fim da violência doméstica nos encontros deste fim de semana; e também através da apresentação do tema nos programas Ecclesia que passam na Antena 1, entre os dias 20 e 24 de janeiro, às 22h45, e na RTP2, às 15h00, no dia 22 de janeiro. A entrevista desta semana Ecclesia/Renascença aborda também este tema a partir da experiência de Catarina Belo, professora de Filosofia Islâmica Medieval, no Egito. |
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.
O ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
OC/PR