Ecumenismo: «Novas gerações são mais abertas, têm menos amarras» – padre Tony Neves

Sacerdote da equipa organizadora do Fórum Ecuménico Jovem abordou percurso pela unidade dos cristãos em Portugal

Lisboa, 22 jan 2018 (Ecclesia) – A igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, acolheu a celebração ecuménica nacional no âmbito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que está a decorrer até dia 25 de janeiro.

O padre Tony Neves, da equipa organizadora do Fórum Ecuménico Jovem, disse hoje à Agência ECCLESIA, destacou o tema deste ano, saído das Igrejas cristãs nas Caraíbas, que procurou trazer à atualidade problemáticas que historicamente “marcam muito” aquele antigo território colonial, e continuam presentes no mundo em geral, como a “escravatura”, nas suas mais variadas formas, a “pobreza”, a injustiça ou a exclusão social.

Para o sacerdote, Provincial dos Missionários do Espirito Santo em Portugal, o trabalho ao nível das “grandes causas”, do compromisso social, deve ser encarado como uma grande porta, uma grande ferramenta rumo à unidade das Igrejas cristãs.

Neste campo, se já existem alguns projetos, “é possível fazer muito mais”.

“Em iniciativas por exemplo levadas a cabo pela Igreja Católica, com a Cáritas, em termos ecuménico podíamos dar mais passos em frente. Praticamente todas as Igrejas têm o seu departamento de solidariedade e se calhar ainda trabalhamos muito em paralelo, podíamos juntar aí energias e mostrar um sinal de mais comunhão”, concretiza aquele responsável.

O padre Tony Neves dá também como exemplo o drama dos incêndios que atingiram Portugal em 2017, e que poderiam ter merecido da parte das Igrejas cristãos “uma ação mais concertada no combate aos seus efeitos trágicos”.

“Quanto mais cimentarmos estas questões, mais facilmente poderemos avançar para iniciativas mais concretas”, aponta o sacerdote, para quem “o reconhecimento mútuo do Batismo”, conseguido em 2014, “foi um gesto muito importante” e há que continuar a trabalhar.

Em Portugal, segundo aquele responsável, “o ecumenismo não está a seguir um caminho homogéneo” e ainda é uma questão “delicada”, sobretudo “para as comunidades mais adultas”.

“Boa parte dos católicos portugueses foi formada ainda na mentalidade antes do Concílio Vaticano II (1962 – 1965), de que a verdade está na Igreja Católica e os outros se quiserem dar passos que venham ter connosco e se integrem”, recorda o padre Tony Neves.

Neste contexto, o sacerdote considera que a criação do Fórum Ecuménico Jovem, que assinala em 2018 duas décadas de existência, foi fundamental para ajudar a consolidar este esforço de unidade entre as comunidades cristãs no país.

“As novas gerações estão mais abertas, não têm tantas amarras e mais facilmente percebem que o caminho faz-se com cedências de parte a parte e sobretudo com muito conhecimento, com muito trabalho conjunto, e isso nota-se com o caminho que tem sido feito”, aponta o sacerdote.

Todos os anos, o Fórum Ecuménico Jovem procura juntar os mais novos das várias Igrejas cristãs, reforçar os laços entre todos e abordar temáticas em foco na atualidade.

A caminhada não se fica apenas na reflexão ou oração, mas passa por projetos concretos, como por exemplo campos de férias ecuménicos na Casa de S. João de Deus no Telhal, onde o desafio é acompanhar pessoas que têm problemas de saúde psiquiátrica.

Este ano, a celebração ecuménica nacional foi integrada na vigília ecuménica jovem, no último sábado, com o contributo dos departamentos juvenis das Igrejas Católica, Lusitana, Presbiteriana e Metodista e também da Igreja Evangélica Alemã que, com o seu coro, animou dois momentos da celebração.

JCP

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