Ecumenismo: Confiar em Deus implica «combate interior», diz prior de Taizé

Irmão Alois desafia jovens presentes no Encontro Europeu de Berlim a viverem uma fé que seja mais do que resposta a «necessidades básicas»

Berlim, 30 dez 2011 (Ecclesia) – Os 30 mil jovens presentes no 34.º Encontro Europeu de Taizé, em Berlim, refletem hoje sobre a “confiança em Deus”, tema que o prior da comunidade ecuménica relaciona com “um combate interior”.

No lançamento dos trabalhos de grupo que preenchem o terceiro dia do evento, na capital da Alemanha, o irmão Alois sublinha que “a confiança em Deus não existe por si mesma”, implicando um espírito de “comunhão” pouco presente na sociedade atual.

“Gostaria tanto que todos nós sentíssemos esta proximidade, de uma maneira renovada, durante estes dias. Mas como? Será que não devemos antes reconhecer que não sentimos nada, ou muito pouco, a presença de Deus?”, questiona aquele responsável, num texto publicado na página de Taizé na Internet.

O prior da comunidade francesa desafia os jovens a irem “mais fundo” na “descoberta” da sua relação com o transcendente, questionando a forma como Deus ganha espaço no coração de cada um, se apenas para responder a “necessidades imediatas” ou para estabelecer uma relação de amor recíproco.

“O Evangelho pede-nos este salto exigente: uma inversão radical da imagem que temos de Deus: reconhecer que Deus se tornou vulnerável, isto é, que também ele precisa de ser amado”, realça o irmão Alois, para quem esta relação não precisa de ser construída à base de sinais “extraordinários”, mas no “silêncio” da oração.

“Talvez não sintamos imediatamente os efeitos destes momentos. Mas Deus concede-nos o Espírito Santo e a vida de Deus pode germinar dentro de nós, pode crescer e inspirar os nossos pensamentos e as nossas ações”, acrescenta.

O prior de Taizé sustenta que só com base na confiança com Deus é que as relações humanas deixarão de ser determinadas “pelo medo ou por reações de defesa”, abrindo portas a uma “vida de solidariedade”.

Um lema que os participantes no Encontro Europeu de Taizé vão poder colocar em prática, até 1 de janeiro, através de um gesto de solidariedade a favor da população da Coreia do Norte, com o envio de aparelhos médicos e medicamentos para diversos hospitais situados em zonas rurais daquele país asiático.

“Desde há uma quinzena de anos, temos podido organizar regularmente, a partir de Taizé, uma ação humanitária para este país dividido, que se encontra no nosso coração”, destaca o irmão Alois, agradecendo a generosidade de todos os que têm contribuído para o projeto

O Encontro Europeu de Jovens de Taizé, lançado pelo irmão Roger, falecido fundador daquela comunidade ecuménica, como uma “peregrinação de confiança através da Terra”, responde este ano à “necessidade de um novo fôlego” de solidariedade na Europa.

Presentes numa cidade que durante 28 anos (entre 1961 e 1989) esteve dividida pelo Muro de Berlim, construído pelas forças comunistas durante a “Guerra Fria”, cerca de 30 mil jovens europeus são chamados a ser precursores de um espírito de abertura ao próximo.

Até este domingo, o programa do evento inclui um encontro com deputados do Parlamento Federal alemão, dedicado ao tema “Por um mundo mais justo: a política e a nossa responsabilidade como cidadãos”, uma vigília pela paz, à meia-noite de 31 de dezembro e uma “festa dos povos” às primeiras horas do novo ano.

JCP

 

 

 

 

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Agência ECCLESIA

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