Economia: Governo apresentou novas medidas de austeridade sem justificar «fracasso» das anteriores, diz bispo de Beja

D. António Vitalino apela à descoberta de «razões mais profundas» do que a economia para sustentar a esperança

Beja, 18 set 2012 (Ecclesia) – O bispo de Beja considera que as medidas de austeridade que antecederam o pacote apresentado na última semana não surtiram efeito e que as manifestações deste sábado em várias cidades portuguesas revelam a falta de esperança dos jovens.

“As manifestações do último fim de semana perante o anúncio de mais austeridade e de recessão económica, sem justificações plausíveis do fracasso de medidas anteriores e do seu êxito no futuro, invadem o coração dos jovens”, escreve D. António Vitalino na nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA.

De acordo com o prelado, a juventude portuguesa caracteriza-se por “grande percentagem de desempregados, muitos com cursos superiores a viver dependentes economicamente da família, filhos únicos, poucos nascimentos e casamentos, milhares a emigrar e grandes manifestações de indignação e descontentamento”.

“Se a nossa esperança se baseia apenas no económico e não descobrimos razões mais profundas, que nos fazem descobrir outros motivos de crer, esperar e viver, então também eu, como bispo e cidadão, diria que não espero um amanhecer de esperança para os nossos jovens e para o mundo”, acrescenta.

O texto acentua que a solidariedade contribui para aumentar a confiança no futuro: “Olhemos mais uns para os outros, sobretudo para os mais pobres do nosso meio e doutros continentes”, dado que “só quem vê assim a vida e o mundo encontra razões de esperança” através “novos comportamentos e atitudes”.

“Falava estes dias com um missionário de África, que manifestava espanto com os cristãos europeus. Se fossem mais sóbrios, mais solidários e amigos, mais missionários, teriam mais alegria e esperança nos seus rostos e lutariam sobretudo pelos valores que a traça não corrói, sem pôr os outros de parte, mas na devida proporção”, observa.

O responsável adianta que a comissão preparatória do sínodo diocesano reuniu pela última vez na segunda-feira, depois de “meses” a estudar o regulamento, metodologia, temas, logótipo, lema e calendário do encontro que vai ser convocado a 29 de setembro, Dia da Igreja Diocesana.

D. António Vitalino revela que chegou recentemente à diocese o padre Carlos Sepúlveda Escobar, vindo da Colômbia, que ajudará a Igreja local nos próximos três anos.

“Somos um povo peregrino e em mobilidade. Também quem serve este povo deve ter o mesmo espírito e atitude”, salienta.

RJM

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