Economia de Francisco: Encíclicas «Laudato Si» e «Fratteli Tutti» são para ser lidas pelas pessoas, não pelas empresas – gestor Paulo Lopes

Curso online «Economia de Francisco: o Santo, o Papa e nós» quer continuar caminho da iniciativa global, em Portugal

Lisboa, 29 jan 2021 (Ecclesia) – O gestor Paulo Lopes afirmou, numa mesa-redonda sobre a Economia de Francisco, que as empresas devem perceber que “metas querem atingir”, pois perante uma “grande diversidade de caminhos”, os critérios humanos podem prevalecer e impactar a sociedade e os trabalhadores.

“Há uma grande diversidade de empresas onde o respeito pelos outros pode prevalecer sobre o lucro. O pódio neste campeonato está reservado para a criação de impacto na vida de todos os que se relacionam com a empresa. Nesta descoberta da Economia de Francisco, seria muito importante encontrar uma metodologia que permitisse construir este pódio, (perceber) como conseguimos demonstrar que o caminho do humanismo e do amor ao próximo é um caminho de transformação das empresas”, afirmou, durante a iniciativa organizada pela comunidade da Capela do Rato, em Lisboa.

Paulo Lopes pediu que as encíclicas ‘Laudato Si’, “que propõe o cuidado da casa comum, e a encíclica ‘Fratteli Tutti’, que propõe a amizade e fraternidade social, sejam lidas pessoalmente.

“Seria importante que cada um de nós se questionasse: as cartas encíclicas, «Laudato Si» e «Fratteli Tutti», não são para as empresas, são para as pessoas. Em que medida, nós como consumidores, podemos ser corresponsáveis por este mercado que atacamos, mas onde somos compassivos com ele”, sugeriu Paulo Lopes.

O gestor que acompanha Pequenas e Médias empresas (PME) reconheceu a preocupação de empresas “familiares” em criar “valor” e esperança, que se constrói com “boas atitudes e exemplos”.

“Não se constrói a esperança quando a mentira é banalizada, quando a informação se mantém entre alguns, na ausência de respeito. Na economia de Francisco precisamos de cristãos empenhados na construção da esperança, em especial neste tempo que vivemos. Não paralisar pelo medo e desânimo, nem nos refugiarmos num ecrã, apesar de ser um tempo em teletrabalho”, afirmou.

José Theotónio, gestor de um grupo ligado ao turismo, criticou a rigidez da legislação laboral que impede que, “com o chefe certo” que “reconheça os critérios de gestão certos”, se possa adequar as funções, o tempo e a vida familiar.

“Em escalas e com as pessoas com os critérios certos, consegue-se uma boa e útil gestão, adequada à vida concreta das pessoas”, indicou, recordando exemplos vividos na sua empresa ligada ao turismo.

O gestor elogiou a aposta “nos jovens”, “a geração certa que entra no mercado de trabalho” e pode oferecer “novos valores ao mundo”.

“As pessoas novas não estão preocupadas com o melhor ordenado mas querem entrar em organizações onde podem crescer. Para mudar é bom apostar na geração certa que entra agora no mercado de trabalho e pode dar novos valores ao mundo do trabalho”, sugeriu.

Cerca de 250 pessoas participaram, na noite de quarta-feira, numa mesa-redonda organizada pela comunidade da Capela do Rato, ACEGE, ACEGE Next e pelo movimento Economia de Francisco Portugal.

Frei Hermínio Araújo, religioso franciscanos, recordou que a mensagem que o Papa endereçou aos cerca de quatro mil participantes, em novembro, no encontro Economia de Francisco, quis impulsionar ao viver como vocação, provocar uma mudança cultural e convocar um pacto.

“Herdeiro de Francisco de Assis, o Papa apresenta o cuidado como a primeira linha do seu pontificado, desde o dia 19 de março de 2013”, recorda.

O franciscano português indica que o contributo das Universidades Católicas no processo formativo é “fundamental” e lamenta que atualmente esse papel esteja “aquém” do pretendido.

“Temos de o reconhecer. Precisamos de entrar numa dinâmica de conversão evangélica. Precisamos de uma conversão evangélica, ser mais de São Francisco de Assis. Há muitas camadas doutrinais que as universidades vão acumulando e são pouco de evangelho. Pode avançar-se na Economia de Francisco e também na Teologia”, afirmou.

O presidente da ACEGE, João Pedro Tavares, a assistir ao debate, afirmou existir na sociedade atual “competências para resolver os inúmeros desafios” que enfrentamos, desde “o combate à pobreza e exclusão social”.

“O problema é o carácter das pessoas. Busquemos formas de cultivar este carácter assente na economia do bem-comum, da partilha, da solidariedade e da subsidiariedade, da defesa da casa-comum. O amor e a verdade são de facto critérios de gestão e outros podem ser introduzidos como compaixão, serviço, tolerância e outros. Isto não é baixar a exigência mas subi-la. Somos líderes que curam ou que magoam?”, questionou.

O movimento Economia de Francisco em Portugal está a elaborar um curso, disponível online – «Economia de Francisco, o Santo, o Papa e nós», que vai oferecer três reflexões: um módulo dedicado ao pensamento Franciscano, outro dedicado ao pensamento social cristão e um último dedicado à liderança dos jovens, com “12 temas fortes que compõem a economia de Francisco Portugal”, explicou frei Hermínio Araújo, assistente nesta formação.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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