Iniciativa «Também Somos Terra» apela a uso corresponsável do planeta
Almada, 29 set 2018 (Ecclesia) – O ambientalista Francisco Ferreira considerou hoje a encíclica «Laudato Si» uma oportunidade de mudança e o veículo para que a mensagem de mudança de comportamentos chegue a todos.
“A encíclica dá uma oportunidade para olhar o mundo e perceber que somos agentes de mudança e que esta mensagem tem de chegar a todos. É necessário que toda a sociedade se mobilize perante a ameaça que estamos a constituir para o planeta”, afirmou o ambientalista da associação Zero, à Agência ECCLESIA, no dia em que a Rede Cuidar da Casa Comum organiza a iniciativa «Também somos Terra».
A Rede ‘Cuidar da Casa Comum’, projeto ecuménico que envolve várias instituições, organizações, obras e movimentos católicos e cristãos, vai promover ao longo do mês de setembro um conjunto de iniciativas englobadas no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado com a Criação, assinalado a 1 de setembro mas cujas ações se vão estender até 4 de outubro.
Para o ambientalista esta rede de parcerias “é fundamental” uma vez que a colaboração permitirá “transmitir a mensagem junto de diferentes setores da sociedade e junto de pessoas de outras associações”.
“Há uma enorme oportunidade para que todos se consciencializem para a discussão e promoção de comportamentos, bem como uma mobilização para o país”.
Manuela Silva, da comissão educativa da Rede Cuidar da Casa Comum, lembra o objetivo de desenvolver nos meios eclesiais, cristãos, movimentos, organizações e paroquias, um desejo para uma ecologia integral.
Durante o encontro a antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz apelou a uma consciência do uso corresponsável do planeta.
“É preciso recuperar o sentido profundo da palavra «mística» é um equívoco pensar que os místicos estão à margem dos problemas: significa que existe uma predisposição para combinar conhecimento, sensibilidade e responsabilidade, para interiorizar a ideia de que não somos seres isolados mas fazemos parte de um todo”.
A rede cuidar da casa comum nasceu com o propósito de dar a conhecer a encíclica «Laudato Si» e suscitar, dentro das instituições, o desejo de uma “ecologia integral e contribuir para criar uma conscientização pessoal enquanto habitante do planeta e da casa comum”.
O presidente da associação Zero, parceria da Rede, lembra que há comportamentos a adquirir “que não são apenas da responsabilidade dos políticos”.
“Estamos a utilizar 1,6 planetas; quer isto dizer que não conseguimos sobreviver com recursos renováveis. Utilizamos demasiado combustíveis fósseis que estão na base do aquecimento da atmosfera. São imprescindíveis para a nossa economia mas com prejuízos enormes sobre o planeta”.
Portugal traçou como meta em 2050 ser neutro em carbono, ou seja, “usar muito menos carros a gasolina ou gasóleo, não produzir resíduos com impacto no ambiente”, num cuidado maior diário.
“Isto implica uma adesão que tem de começar desde já”, assume o responsável.
Carmo Osório, estudante de 11º ano com 15 anos, reconhece que a sua geração está “à margem destas preocupações”.
Inserida em locais onde os jovens estão preocupados, esta jovem escuteira e participante dos grupo Verbun Dei, percebe ser necessário chegar a quem ainda não recebe a mensagem.
Em casa, a leitura da encíclica «Laudato Si» despertou no seu pai a vertente “ambientalista” e em si “a espiritualidade”, mas à Agência ECCLESIA assume que “as duas componentes são indissociáveis. É uma aprendizagem a fazer”.
CB/LS