«É bem necessária» a afirmação dos princípios morais sobre o trabalho

Abertura da XIII Semana de Estudos Teológicos de Braga José Henrique Silveira de Brito defendeu ontem, na abertura da XIII Semana de Estudos Teológicos de Braga, que «o que se pode e deve esperar da Igreja» sobre o mundo do trabalho «é a afirmação dos princípios morais que devem reger as soluções técnicas». Nos tempos que correm, salientou este professor da Faculdade de Filosofia, essa afirmação «é bem necessária». Convidado para falar sobre “A questão laboral, ontem e hoje”, Silveira de Brito citou algumas encíclicas de João Paulo II, um Papa que, neste aspecto, «está com os pés bem assentes na terra e que, com muita antecedência, previu muita coisa». Antes, João Duarte Lourenço falou do “Mundo bíblico e estruturas sociais”, alertando para alguns riscos que convém evitar. Um deles, explicitou o vice-Reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), é «pensar que se pode fazer uma transposição das questões sociais ou culturais ou mesmo dos modelos propostos nesse contexto para um universo cultural totalmente diverso». «Há que ter em conta os valores e a mensagem, mais que os modelos ou os padrões de referência», defendeu o primeiro conferencista da Semana de Estudos Teológicos/2005, uma iniciativa da Faculdade de Teologia do Centro Regional de Braga da UCP. João Lourenço explicou que muitas das estruturas do mundo bíblico têm a sua génese numa sociedade agrária e nómada, própria do ambiente sócio-cultural do Médio Oriente, e que o processo de sedentarização das tribos de Israel (identificadas como o Povo de Deus) exigiu, de forma progressiva e adequada, alterações significativas das estruturas e instituições — o Templo, o Sinédrio (comparável à assembleia dos anciãos) e o Sacerdócio. O conferencista falou ainda dos modelos de família no mundo bíblico e no contexto da cultura semita. «São frequentes na literatura sapiencial as alusões aos deveres dos pais para com os filhos e destes para com aqueles, além do dever de honra e de apoio, mormente na velhice», disse. Acrescentou que «não é possível pensar a família bíblica sem ter presente que a sua génese radica nesta funcionalidade: ser veículo de transmissão duma experiência de fé que é vivida e partilhada no seu interior e da qual colhe a sua razão de ser». A Semana de Estudos Teológicos continua hoje com as intervenções de José Luís Ramos Pinheiro e António José da Silva, que vão falar às 09h30 e 11h15, respectivamente, das “Formas de participação política” e do “Desafio da comunicação social”. Após o almoço, e só para os professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), o director do Diário do Minho e da Rádio Renascença/Braga, João Aguiar Campos, abordará a relação escola/meios de comunicação social. Ontem, antes das conferências de João Duarte Lourenço e José Henriques Silveira de Brito, o director da Faculdade de Teologia-Braga explicou que a escolha do tema da XIII Semana de Estudos Teológicos — um panorama da Doutrina Social da Igreja — é mais um «contributo» para a defesa da inalienável dignidade da pessoa humana. Uma causa que, segundo o cónego Pio Alves de Sousa, deve ser assumida por todos os cristãos, convidados a «acender e reacender a candeia da esperança» quando está à vista a existência de «sociedades cinzentas, sem história e sem horizonte». Quem participar hoje e amanhã nesta semana de estudos, pode visitar a exposição/venda «a preços atractivos» de livros de Teologia, Filosofia, Pedagogia e Sociologia. Trata-se da I Festa do Livro Cristão, uma iniciativa da Universidade Católica que já se realiza há alguns em Lisboa e no Porto com a colaboração da Multinova e de outras editoras.

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