André Oliveira, Fundação Fé e Cooperação
Um cartaz, bastou um cartaz para que todos os meus planos se alterassem. E não foram só os planos a mudar, naquele mural havia muito mais do que uma sugestão para um novo “destino”.
A 22 de agosto de 2008, aterrei na Invicta cidade do Porto. Cidade que abrigava a distinta Universidade do Porto, Universidade que eu havia escolhido para fazer um período de mobilidade académica de 6 meses. Tinha 23 anos, estava a tirar o curso de Geografia e não tinhas muitas expetativas. A minha intenção no início era simplesmente passar um tempo fora. Mal poderia imaginar a reviravolta que esses planos iriam sofrer…
O convite que aquele cartaz me fazia chamou-me de volta para uma realidade que já me tinha afastado há algum tempo, ao ponto de quase já não me lembrar Dele. Quando se é jovem as solicitações são quase infinitas! Afinal há todo um mundo a desbravar! Não me arrisco a fazer nenhum tipo de juízo, dizer que muitos jovens não sabem aproveitar a vida, estando demasiadamente apegados aos computadores, aos telemóveis – aí os telemóveis! -, “o que seria de nós sem o telemóvel”, dizia o outro! Este juízo deixo para os da “geração 50”, afinal eu sou um desses jovens.
Voltando ao convite Dele, sim Dele, era Ele quem me convidava naquele cartaz. Muitos tratam-no por Deus, outros por Pai, uns veem-no como um Amigo, outros como Precetor! Particularmente para mim depende dos dias. As vezes somos tão parecidos, outras vezes somos tão diferentes que perco-O(me). Há dias em que não apetece falar, outros ele me oferece o seu colo e me conforta como se eu fosse único. Mas não foi sempre assim…
Finalmente, o convite no cartaz era dos Leigos para o Desenvolvimento, dizia: Voluntariado Missionário em África. Na altura fez-me alguma impressão a palavra “Missionário”, pois não era nada católico na altura. Hoje, já convertido, tenho consciência que essa palavra não só faz sentido, também cria uma nova identidade, uma nova forma de estar.
O convite dos Leigos levou-me ao CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitários Inácio de Loyola onde fui excecionalmente recebido e acolhido. Lá descobri, entre outras coisas, que não poderia partir com os Leigos, pelo menos não enquanto não fosse licenciado. Em contrapartida apresentaram-me o GRÃO, que é outro grupo de voluntariado missionário, neste caso orientado para jovens universitários. Grupo a que ainda pertenço.
Após um ano de formação parti com o GRÃO para São Tomé e Príncipe, 2 meses de uma experiencia ímpar. Durante a formação ouvíamos muito sobre o que era ser voluntario missionário, mas completamente diferente de ouvir foi viver. A vida em comunidade, neste caso eu e as 5 raparigas que foram comigo, o espirito de partilha, o trabalho com as Irmãs Franciscanas Missionárias, fabuloso, o dia a dia com as pessoas de lá, conhecer, aprender, ajudar, o trabalho nas roças, com o grupo de jovens da paróquia de Guadalupe… Tudo era novo, tudo era diferente, tudo era único!
À volta do voluntariado, seja ou não missionário, de curta ou longa duração, existem muitas questões. Há quem faça férias sociais, há quem precise receber mais do que dar, há quem faça trabalhos e projetos brilhantes, há quem tenha a vida “revirada” em diversos sentidos… Para mim foi uma experiencia de fé e dádiva.
André Oliveira, Fundação Fé e Cooperação