Sacerdote da Ilha do Pico Sacerdote afirma que os açorianos invocam o «Paráclito» para que os livre desta pandemia (c/fotos)
Madalena do Pico, Ilha do Pico, Açores, 02 jun 2020 (Ecclesia) – O padre Marco Martinho, ouvidor do Pico, Diocese de Angra, disse hoje que a coroação da Festas do Espírito Santo na Missa desta terça-feira foi a evocação da “misericórdia divina para que proteja e livre desta pandemia”,
“Sempre foi ao Divino Espírito Santo que o nosso povo evocou na sua proteção. Por isso, também neste momento de pandemia, evocamos o Divino Espírito Santo para que nos proteja, ele que é o Paráclito defensor, nos livre desta pandemia”, disse o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA.
O padre Marco Martinho disse que “o sentimento geral é de tristeza, é um sentimento de que falta alguma coisa”, e as festas do Espírito Santo são para o povo açoriano, “para todas as ilhas”, as maiores festas, “as festas do povo”.
Segundo o ouvidor do Pico, as Festas do Divino Espírito Santo são “as festas da abundância e da partilha, da alegria”, e este ano, essa “alegria está afetada por esta pandemia”, as pessoas “não se podem encontrar, não podem festejar os seus arraiais, os convívios”.
“As pessoas sentem esta tristeza de não poderem estar juntas e celebrar a festa, por outro lado, confiam muito na proteção divina e no Espírito Santo e estas festas, este ano, tornam-se diferentes mas numa oração muito sincera em cada coração, em cada casa, pedindo a misericórdia divina para que afaste de nós esta pandemia e nos proteja”, desenvolveu.
A Ilha do Pico conta com a realização de 45 impérios desde sábado de Pentecostes até terça-feira e no Domingo da Santíssima Trindade (7 de junho).
O ouvidor do Pico recorda que no início do mês de maio suspenderam as festas na forma tradicional mas convidaram as Irmandades do Espírito Santo e da Santíssima Trindade a realizarem a festa “em moldes diferentes, com as possibilidades de cada uma”, com Eucaristias e “outros impérios tomaram a iniciativa de não perder a dinâmica da partilha, da esmola”, com distribuição “do pão, as rosquilhas ou os bolos de véspera, mesmo a carne e as sopas”.
“Muitos impérios continuaram esta dinâmica da partilha e da esmola, tendo em conta sempre as orientações de segurança necessárias ao combate desta pandemia e respeitando todas as normas, mas não se perdeu a dinâmica social das Festas do Divino Espírito Santo; Todas as esmolas que distribuídas foram anteriormente abençoadas pelo respetivos pároco, em cada uma das comunidades”, desenvolveu.
O padre Marco Martinho Houve explica que em algumas comunidades a escola foi distribuída apenas “na casa dos irmãos do Império”, por exemplo, a Irmandade Terça-feira do Espírito Santo, da Vila da Madalena, – “uma das maiores dos Açores e a maior da ilha do Pico” – distribuiu rosquilhas “em casa de 350 irmãos, no lugar da Freguesia da Criação Velha ou o lugar do Monte ou de São Mateus distribuíram rosquilhas em todas as casas da freguesia”.
A Irmandade do Sábado do Espírito Santo, da Paróquia da Silveira, está a celebrar 300 anos do seu voto e “é a única festa” que se realiza no sábado anterior à Solenidade de Pentecostes, “porque na altura era um lugar da Paróquia das Lajes do Pico que já tinha a sua festa no domingo”.
“A última erupção vulcânica na Ilha do Pico foi em 1720, estamos a celebrar 300 anos. Quando rebentou esse vulcão no lugar da Silveira prometeram levantar um império em louvor do divino Espírito Santo por os ter poupado desse cataclismo natural”, contextualizou o sacerdote, adiantando que foi celebrada a Missa solene da irmandade, com uma coroação, e depois inaugurado um “memorial destes 300 anos numa peça artística feita por um artista local que perpetuará este voto”.
O ouvidor do Pico assinalou também que com o regresso das celebrações comunitárias das Missas foram celebradas Eucaristias pelas “intenções de cada uma das irmandades, dos irmãos, pela alma dos falecidos”, e em “quase todas as paróquias houve coroações simbólicas evocando a proteção do Divino Espírito Santo”.
CB