Discurso do Papa João Paulo II ao presidente George W. Bush

Senhor Presidente 1. Dou minhas cordiais boas-vindas ao senhor, à senhora Bush e à distinta delegação que vos acompanha. Estendo uma cordial e afetuosa saudação a todo o povo norte-americano que o senhor representa. Agradeço-lhe por querer encontrar-se comigo novamente, apesar das dificuldades que lhe propõem seus numerosos compromissos durante esta visita a Europa e Itália, assim como pela viagem que empreenderei amanhã para encontrar-me com os jovens na Suíça. 2. Está visitando a Itália para comemorar o sexagésimo aniversário da libertação de Roma e para honrar a memória de muitos soldados norte-americanos que deram suas vidas por seu país e pela liberdade dos povos da Europa. Uno-me ao senhor na lembrança do sacrifício daquelas mortes valorosas e no pedido a Deus de que não se repitam os erros do passado, que originaram aquelas tragédias atrozes. Hoje também recordo com grande emoção os numerosos soldados que morreram pela liberdade da Europa. Nosso pensamento se dirige também hoje aos vinte anos nos quais a Santa Sé e os Estados Unidos desfrutam de relações diplomáticas formais, estabelecidas em 1984 sob o presidente Reagan. Estas relações promoveram o entendimento mútuo em grandes questões de comum interesse e de cooperação prática em áreas diferentes. Faço chegar minha saudação ao presidente Reagan e à senhora Reagan, tão atenta com ele em sua enfermidade. Quero expressar também minha estima a todos os representantes dos Estados Unidos ante a Santa Sé, assim como meu apreço pela competência, sensibilidade e grande compromisso com que favoreceram o desenvolvimento de nossas relações. 3. Senhor presidente, sua visita a Roma acontece em um momento de grande preocupação pela contínua situação de grave agitação no Oriente Médio, tanto no Iraque como na Terra Santa. O senhor conhece bem a clara posição da Santa Sé neste sentido, expressada em numerosos documentos, através de contatos diretos e indiretos, assim como com os muitos esforços diplomáticos que se realizaram desde que o senhor visitou-me pela primeira vez, em Castelgandolfo, em 23 de julho de 2001, e de novo neste palácio apostólico em 28 de maio de 2002. 4. É evidente que o desejo de todos é que a situação se normalize agora o quanto antes possível com a participação ativa da comunidade internacional e, em particular, da Organização das Nações Unidas, para assegurar um rápido regresso da soberania do Iraque, em condições de segurança para se povo. A recente nomeação do chefe de Estado do Iraque e a formação de um governo iraquiano interino são um passo alentador para esta meta. Que uma esperança semelhante de paz se reavive também na Terra Santa e leve a novas negociações, ditadas por um sincero e determinante compromisso de diálogo, entre o governo de Israel e a Autoridade Palestina. 5. A ameaça do terrorismo internacional continua sendo fonte de constante preocupação. Afetou seriamente as normais e pacíficas relações entre Estados e povos desde a trágica data de 11 de setembro de 2001, a qual não duvidei em chamar «um dia escuro na história da humanidade». Nas últimas semanas, outros acontecimentos deploráveis aconteceram, comovendo a consciência cívica e religiosa de todos, fazendo mais difícil, sereno e decidido o compromisso pelos valores humanos compartilhados: na ausência de um compromisso assim nem a guerra nem o terrorismo poderão ser derrotados. Que Deus dê força e êxito àqueles que não deixam de esperar e trabalhar pelo entendimento entre os povos, no respeito da segurança e dos direitos de todas as nações e de todo homem e mulher. 6. Ao mesmo tempo, senhor presidente, aproveito esta oportunidade para reconhecer o grande compromisso de seu governo e de numerosas agências humanitárias de sua nação, em particular as de inspiração católica, para derrotar as condições cada vez mais insuportáveis de vários países africanos, que sofrem por causa de conflitos fratricidas, de pandemias e da pobreza degradante que já não pode ser ignorada. Acompanho também com grande apreço seu compromisso pela promoção de valores morais na sociedade americana, em particular os que se referem ao respeito da vida e da família. 7. Um entendimento mais completo e profundo entre Estados Unidos e Europa desempenhará sem dúvida um decisivo papel para resolver os grandes problemas que mencionei, assim como outros muitos que a humanidade enfrenta hoje. Que sua visita, senhor presidente, dê um novo e poderoso impulso a esta cooperação. Presidente, enquanto desempenha sua nobre missão de serviço a sua nação e à paz no mundo, asseguro-lhe minhas orações e invoco cordialmente para o senhor as bênçãos da sabedoria, da força e da paz. Que Deus conceda paz e liberdade a toda a humanidade! (Tradução do original em inglês realizada por Zenit. Estas foram as palavras do Santo Padre ao receber a «Medalha presidencial da liberdade») Agradeço-lhe, senhor presidente, este amável gesto. Que o desejo de liberdade, de paz e de um mundo mais humano, simbolizado por esta medalha, inspire homens e mulheres de boa vontade em todo o tempo e lugar. Que Deus abençoe os Estados Unidos! (Tradução do original inglês realizada por Zenit)

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