Relatório da fundação pontifícia alerta para diminuição da liberdade religiosa, em particular na Ásia
Lisboa, 25 out 2019 (Ecclesia) – A responsável pelo secretariado nacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em Portugal disse que o Ocidente está a ignorar os “números dramáticos” da perseguição a cristãos no mundo, em particular na Ásia.
“O mais surpreendente deste relatório foi comprovar o que dissemos há quatro anos atrás, de que poderíamos estar a assistir ao fim da presença da comunidade cristã no Iraque, e talvez na Síria. De facto, os números são dramáticos”, declarou Cataria Martins Bettencourt, na entrevista semanal conjunta Ecclesia-Renascença, publicada e emitida em cada sexta-feira.
A responsável falava a respeito do recente relatório da fundação pontifícia, ‘Perseguidos e esquecidos?’, sobre os “cristãos oprimidos por causa da sua fé”.
Os dados divulgados a nível mundial revelam um “decréscimo de 90% da comunidade cristã no Iraque”, desde 2003.
“Estamos a assistir a dias históricos, tristes, mas históricos; estamos a assistir ao desaparecimento desta comunidade. É um facto marcante neste relatório”, realça a diretor do secretariado português da AIS.
Catarina Martins Bettencourt diz que outro facto marcante é a mudança da zona do mundo onde há maior perseguição contra os cristãos.
“Nos últimos anos o Médio Oriente era a grande preocupação da Fundação AIS; neste relatório, neste período que é analisado, vemos que há um desvio para a Ásia: temos os ataques do Sri Lanka, temos os ataques das Filipinas, temos a situação que se está a deteriorar na China”, precisou.
Estamos a assistir ao fim da presença da comunidade cristã em muitos países do mundo, e isto deveria preocupar todos, porque a partir do momento em que não temos liberdade de expressão da nossa fé, as outras liberdades ou já se perderam, ou estão em risco de se perder.”
A situação na China, em particular, tem vindo a deteriorar-se e é hoje pior para a comunidade católica do que há dois anos, apesar da assinatura de um acordo provisório entre a Santa Sé e Pequim, para a nomeação de bispos.
Catarina Martins Bettencourt lamenta a falta de ação dos países ocidentais, considerando que “o dinheiro tem mais poder do que tudo o resto”.
Um outro foco de tensão são os fundamentalismos islâmicos no continente africano, “que está sozinho, muitas vezes, a tentar combater estes grupos radicais”.
A AIS, precisa a responsável portuguesa, oferece mais do que apoio pastoral, “porque neste momento, para se poder ajudar pastoralmente uma comunidade, primeiro tem de se alimentar, de ter segurança”.
Ângela Roque e Octávio Carmo