Direitos Humanos: Impunidade e indiferença promoveram aumento dos ataques contra comunidades religiosas, diz Catarina Martins de Bettencourt

Diretora do secretariado português da Fundação AIS assume preocupação particular com situação em Moçambique

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Lisboa, 25 jun 2023 (Ecclesia) – A diretora do secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) disse que o agravamento do cenário global, quanto ao respeito pela liberdade religiosa, tem acontecido num clima de “impunidade” e indiferença das potências mundiais.

“Neste período em análise, entre janeiro de 2021 a dezembro de 2022, verificamos um aumento no número de pessoas, no mundo, que está privado deste direito fundamental, que é a liberdade religiosa”, indica Catarina Martins de Bettencourt, em entrevista conjunta à ECCLESIA e Renascença, publicada e emitida este domingo.

“Assistimos a uma maior passividade dos grandes Estados ocidentais que, muitas vezes, acabam por ignorar e deixar passar as situações”, acrescenta, indicando que “a liberdade religiosa acabou por sofrer bastante com esta ausência de monitorização”.

A AIS lançou na última semana o Relatório 2023 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, numa análise a 196 países.

A responsável portuguesa alude, em particular, a grupos terroristas que atuam como “um Estado dentro do próprio Estado”, particularmente no continente africano, com “armamento ultrassofisticado”.

Catarina Martins de Bettencourt assume a preocupação com o caso de criar um califado, lamentando “uma certa impunidade” dos jihadistas e a incapacidade do Estado de oferecer alternativas de Estado aos jovens.

“O Estado até agora, infelizmente, não tem tido essa capacidade, é necessário que haja esta mobilização, esta vontade de fazer frente, de enfrentar e também de combater estes grupos que estão a atuar nesta zona de Moçambique”, acrescenta.

Chegamos à conclusão de que a África, neste período em análise, se tornou o continente mais violento, onde há mais perseguição, mais discriminação. Em 21 dos 54 países africanos temos estas situações”.

A nível mundial a fundação pontifícia AIS promoveu, em 2022, cerca de 5900 projetos de apoio em 128 países, com atenção específica à Ucrânia, após a invasão russa.

“Tivemos seminários, conventos que foram transformados em centros de acolhimento de refugiados. Portanto, de repente passaram de uma comunidade de cerca de 100 jovens para 500 ou mil pessoas que necessitavam diariamente de apoio e, portanto, foi um apoio muito concreto, uma situação muito concreta”, precisa a diretora do secretariado português.

Catarina Martins de Bettencourt elogia a generosidade dos benfeitores portugueses, num ano recorde na recolha de donativos, com mais de 4 milhões de euros, apesar das “dificuldades económicas” que afetam o país.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

 

 

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