Direitos Humanos: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre prevê maior degradação na vivência da liberdade religiosa

«O pior que se pode fazer é ignorar o que se passa no mundo» – Catarina Martins de Bettencourt

Lisboa, 22 nov 2018 (Ecclesia) – A diretora do secretariado português da ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ (AIS) afirmou hoje que “cada vez há mais violações dos direitos da liberdade religiosa no mundo”, uma situação que “piorou relativamente a 2016” segundo o relatório da fundação pontifícia.

“A perspetiva é que se continue a degradar, porque a situação no mundo é terrível na questão de ultranacionalismos, extremismos, que faz com que as minorias sejam pressionadas, perseguidas e não possam exercer a sua fé”, referiu Catarina Martins de Bettencourt aos jornalistas, no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa.

A fundação pontifícia AIS apresentou esta manhã o seu novo relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, uma análise realizada a 196 países, entre junho de 2016 e junho de 2018 (inclusive), e encontrou “provas de violações significativas” em 38 países.

O traço comum às minorias religiosas é que são “mais discriminadas”, estão cada vez “mais pobres e excluídas da sociedade”.

“Uma das conclusões é que de facto a situação piorou relativamente a 2016 há mais quatro países onde há violações à liberdade religiosa”, acrescentou, no evento que contou com o patrocínio do presidente da República Portuguesa.

Segundo a diretora da AIS Portugal, as “notícias positivas são muito escassas” e destacou o regresso da comunidade cristã e das minorias religiosas à Península de Nínive, no Iraque e na Síria, depois da expulsão dos jihadistas islâmicos.

Este ano comemora-se o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Humanos “onde está inscrito o direito à liberdade religiosa”, a qual “é cada vez mais ameaçada”.

A diretora do secretariado português da fundação pontifícia salienta que uma das conclusões do relatório é que existe uma “cortina de indiferença” no Ocidente em relação à religião que “está a cair claramente nos rankings dos padrões ocidentais”, um direito que as pessoas têm e “não está a ser utilizado, respeitado, defendido”.

“O pior que se pode fazer é ignorar o que se passa no mundo”, alertou.

O top 3 dos países onde existe mais perseguição são a Coreia do Norte, Arábia Saudita e a Eritreia; a lista negra da AIS fica completa com Brunei, Cazaquistão, China, Iémen, Índia, Iraque, Líbia, Maldivas, Mauritânia, Mianmar, Nigéria, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Sudão, Tajiquistão, Turquemenistão.

O relatório da liberdade religiosa no mundo foi apresentado pelo professor Jaime Nogueira Pinto, para quem a opinião pública e as pessoas estão, sobretudo, “preocupados com os direitos dos animais, qualquer dia com as plantas, depois das pedras”.

“A maior das pessoas que fazem parte desses grupos acham que a religião é uma espécie de ópio do povo, evidente que nunca é causa simpática”, disse aos jornalistas.

Também presente na sessão, o presidente da Comissão da Liberdade Religiosa observou que as religiões são “usadas para impor poder” e o poder serve-se delas, mas “não são as religiões que perseguem”.

Em resposta aos jornalistas, José Vera Jardim manifestou a sua “enorme admiração” pelo Papa Francisco, destacando o seu “esforço notável” quanto à perseguição religiosa e, “sobretudo, ao diálogo inter-religioso”.

HM/CB/OC

Direitos Humanos: Liberdade religiosa está cada vez mais ameaçada, diz relatório de fundação pontifícia

 

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