Direito: Deus vai ser imune aos recursos jurídicos no dia do julgamento final, diz arcebispo de Braga aos advogados

Defesa «dos mais fragilizados» deve orientar conduta profissional dos causídicos, sublinhou D. Jorge Ortiga

Guimarães, Braga, 22 mai 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga disse este sábado a um grupo de advogados que no dia do juízo definitivo de Deus sobre a existência humana não vai haver artifícios jurídicos que alterem o veredicto ou suspendam a sua aplicação.

“Certamente que todos nós já imaginámos o momento do nosso julgamento final. Se calhar, até já pensamos nos argumentos que vamos usar para tentar seduzir o São Pedro a nos deixar entrar no paraíso”, afirmou D. Jorge Ortiga na missa celebrada durante o encontro regional dos causídicos do Norte, realizado em Guimarães.

Na homilia, publicada no site da arquidiocese bracarense, o prelado vincou que é inútil “optar por uma boa argumentação retórica, alterar factos ou pedir recurso jurídico”, dado que “Deus não é juiz” e a decisão definitiva é determinada pela “vivência do evangelho”.

“Nós é que somos os juízes de nós próprios”, acentuou D. Jorge Ortiga, que resumiu a linguagem jurídica dos cristãos ao “amor”, superando o “cumprimento rígido das 613 leis” estabelecidas pelos fariseus, uma das mais importantes correntes judaicas ao tempo de Cristo.

O responsável pela ação social dos organismos da Igreja Católica em Portugal frisou que “o novo legalismo de Jesus incorpora em si a categoria do perdão”, que perante o incumprimento da lei se apresenta “como uma oportunidade de emenda, de crescimento” e de “correção”, e não “mero castigo ou punição”.

D. Jorge Ortiga recordou Santo Ivo (1253-1303), religioso franciscano de origem francesa que é o “patrono dos advogados, procuradores, juízes, juristas, notários, órfãos e abandonados”.

“A defesa intransigente dos injustiçados e dos necessitados deu-lhe o título de ‘advogado dos pobres’, um título que continuou merecendo ao tornar-se sacerdote e ao construir um hospital, onde ele próprio também cuidava dos doentes”, assinalou.

O prelado salientou que a “missão de exigir os deveres e defender os direitos de todos os homens, particularmente dos mais fragilizados” deve orientar a conduta profissional dos advogados.

“A busca da verdade” é “o melhor contributo” que os causídicos podem oferecer à cultura, referiu ainda D. Jorge Ortiga, acrescentando que Cristo é a “a autêntica verdade” porque a sua mensagem oferece “a plenitude da dignidade da pessoa”.

RJM

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Agência ECCLESIA

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