Diocese de Viana começa a conhecer o património sacro

Arcos e Viana com mais de quatro mil peças inventariadas A inventariação de mais de quatro mil peças de arte sacra móvel, dos arciprestados de Arcos de Valdevez e de Viana, é o primeiro passo para que a jovem Diocese de Viana do Castelo, prestes a completar 30 anos de existência, conheça efectivamente qual é o seu património e onde este se encontra. Na sessão de encerramento do projecto de inventariação, que ontem decorreu no Museu Municipal de Viana do Castelo, D. José Pedreira, céptico quanto à capacidade de realização da tarefa, diz-se «frustrado» relativamente ao futuro se não for capaz de «dotar de igual benefício » os outros dez arciprestados que integram a Diocese. Deste projecto, cujo coordenador foi o padre Eduardo Parente, resultou a criação na internet de um sítio onde estão todas as peças inventariadas nas 42 paróquias de Viana do Castelo e nas 51 de Arcos de Valdevez, com várias possibilidades e pesquisa, da mais simples à mais aprofundada. Por razões óbvias, da ficha de inventário foram omitidas algumas informações por questões de segurança e salvaguarda deste «rico» património, explicou o coordenador. Foi igualmente editado um grande catálogo, estruturado por temas, onde se procurou que todas as paróquias destes dois arciprestados se «sintam representadas » através das peças que foram consideradas «notáveis », mas sempre na perspectiva de uma «amostra», referiu Antunes Abreu, o consultor do projecto. Este historiador, que ontem, através de 30 imagens, procurou ilustrar a riqueza que “habita” o concelho de Viana, sublinhou que é notória uma «grande diferença » entre as várias artes da Diocese. Em termos de riqueza da arte sacra, temos um litoral que «tem peças muito melhores » do que o interior, embora aqui se distingam «centros de atravessamento», nomeadamente pelos Caminhos de Santiago. A explicação para a existência de muitas peças, no âmbito das alfaias litúrgicas ou imagens de Nossa Senhora, em particular a do Rosário, fica, na sua opinião, a dever-se à força e riqueza das respectivas Confrarias. Este trabalho de inventariação, numa «acção inédita» na Diocese, foi de grande labor dificultado pela perda do hábito dos párocos realizarem inventários, nomeadamente no momento e deixar a comunidade para a entrada de novo sacerdote. Só assim é que a Diocese «pode ter uma noção exacta, ainda que parcial, da arte sacra móvel que possui», disse Eduardo Parente. Este projecto foi financiado com fundos estruturais, com gestão da CCDR-N e com a comparticipação das autarquias destes dois arciprestados. Defensor Moura explicou que o empenho da autarquia neste projecto de inventariação se inscreve no projecto de «registar» todo o património do concelho, no âmbito das comemorações os 750 anos do Foral de Viana o Castelo. A representante da CDR-N sublinhou que este «desafio» deveria ser continuado, até porque as dioceses que aderiram, como Viana do Castelo, ficam gora com «equipamentos, metodologia e pessoas formadas nestas tarefas», prometendo que aquela instituição tentará trazer novos apoios. Contudo, Marília Vieira frisou a ausência, no âmbito do QREN, de um plano operacional para a cultura autonomizado. Em jeito e balanço, disse que foi «gratificante » o resultado da inventariação de «um dos mais importantes patrimónios da nossa cultura». D. José Pedreira encerrou a sessão com a promessa de dar o melhor de si para que seja possível a continuidade do programa, esperando que «os subsídios possam vir». Para a concretização desta fase do projecto foram investidos 111 mil euros.

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