Diocese de Aveiro

Mons. João Gaspar, Vigário geral da Diocese de Aveiro

A diocese de Aveiro foi instituída pelo papa Clemente XIV a 12 de abril de 1774, a pedido de el-rei D. José I, abrangendo uma área destacada do território da diocese de Coimbra; em 24 de março de 1775 o documento pontifício foi executado. Nas suas primeiras seis décadas, teve apenas três bispos.

D. António Freire Gameiro de Sousa, obedecendo a uma ordem superior, começou por pedir aos párocos que prestassem diversos esclarecimentos sobre as suas freguesias (…). Como é evidente, além da preocupação em organizar a cúria diocesana e o tribunal eclesiástico, também se interessou pelas visitas pastorais às paróquias e pela formação de novos sacerdotes. Faleceu em 20 de outubro de 1799.

D. António José Cordeiro foi confirmado como bispo de Aveiro em 20 de julho de 1801. A atividade deste prelado começou logo a revelar-se na primeira carta pastoral, com data de 24 de março de 1802, que, traduzindo o valor intelectual, teológico e religioso do autor, é notável pela ilustração e pureza de estilo e é primorosa pelos conceitos de doutrinação moral e cristã no ambiente da época e frente aos erros do tempo. Foi preponderante a ação deste bispo durante o período difícil das invasões francesas; manifestou o seu fervor de patriota; em meados de 1808, perante as ameaças da segunda invasão, tornando-se um singular defensor de Aveiro e incentivando à luta em favor da religião e da pátria. Faleceu no dia 17 de julho de 1813.

Após a morte do segundo bispo, a Sé Apostólica mandou proceder a um inquérito sobre o estado da diocese. A 27 de agosto de 1814, o delegado apostólico em Lisboa na ausência do núncio no Rio de Janeiro, ouviu duas testemunhas, ambas do clero secular de Aveiro; os depoimentos têm a data de 31 daquele mês. Seguidamente, a 04 de setembro de 1815, foi confirmado como bispo de Aveiro D. Manuel Pacheco de Resende. Foram tempos difíceis os que se viveram em Portugal, sobretudo durante a guerra civil das lutas liberais e perante a extinção das ordens religiosas. Faleceu a 17 de fevereiro de 1837.

A 01 de abril de 1845, após alguns anos de uma certa confusão no governo eclesiástico, o arcebispo de Braga foi também constituído no cargo de administrador apostólico da diocese, para a qual nomeou sucessivamente vigários-gerais ou governadores – o que aconteceu até à sua extinção pela bula do papa Leão XIII, de 30 de setembro de 1881, executada a 04 de setembro de 1882. Contudo, o papa Pio XI restaurou-a pela bula de 24 de agosto de 1938, dando-lhe um novo território, desmembrado das dioceses de Coimbra, do Porto e de Viseu. A sentença executória da restauração deu-se a 11 de dezembro de 1938, ficando como seu administrador apostólico D. João Evangelista de Lima Vidal. Este prelado foi depois o seu primeiro bispo, desde 16 de janeiro de 1940 até à sua morte, ocorrida a 05 de janeiro de 1958. A organização administrativa da diocese, a fundação do seminário de Santa Joana e a edificação do seu edifício, os congressos eucarísticos, as visitas pastorais, o primeiro sínodo diocesano… foram algumas das suas iniciativas.

A 11 de agosto de 1958, sucedeu-lhe D. Domingos da Apresentação Fernandes, que faleceu a 21 de janeiro de 1962. Empenhou-se na formação mais cuidada dos leigos, nas missões regionais por arciprestados e na fundação do seminário de Calvão para os candidatos do primeiro ciclo dos estudos preparatórios.

D. Manuel de Almeida Trindade foi bispo de Aveiro desde 16 de setembro de 1962 até à sua renúncia a 20 de janeiro de 1988. Participou em todas as sessões do concílio Vaticano II, foi presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa durante dezassete anos, continuou as visitas pastorais com a colaboração de sacerdotes e de leigos, lançou-se na construção de uma casa para retiros espirituais e encontros de formação pastoral, impulsionou a fundação do Carmelo de Cristo Redentor, instituiu o Centro Universitário Fé e Cultura e decidiu a instauração do diaconado permanente.

Sucedeu-lhe no múnus episcopal D. António Baltasar Marcelino, que já era bispo coadjutor. Entre os vários empreendimentos, este prelado preocupou-se com a reforma das estruturas diocesanas, prosseguiu as visitas pastorais às paróquias, incentivou a realização do segundo sínodo diocesano e criou o fundo diocesano para o clero. Aceite o seu pedido de renúncia, terminou a sua responsabilidade na diocese a 08 de dezembro de 2006. Foi nesta data que D. António Francisco dos Santos iniciou o múnus episcopal em Aveiro, num estilo de proximidade e de acolhimento, logo ambicionando por comemorar os setenta e cinco anos da diocese restaurada com uma ‘missão jubilar’, que principiou a 21 de outubro de 2012.

Mons. João Gaspar
Vigário geral da Diocese de Aveiro

 

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