Diferentes povos e culturas rezaram pela paz e respeito pela diversidade

Festa dos povos, em Braga, terminou em celebração ecuménica No âmbito da Festa dos Povos, a igreja dos Terceiros, em Braga, dedicada a São Francisco de Assis, acolheu, ontem, uma simbólica celebração ecuménica, com orações de católicos e ortodoxos, em diferentes línguas, mas com o mesmo objectivo: louvar o Senhor, rezar pela concórdia e paz entre os povos e o respeito pela diversidade. Os celebrantes pediram humanização no tratamento dos estrangeiros, lembrando que «todos somos peregrinos nesta terra». Para uma celebração ecuménica, o espaço não poderia ser mais bem escolhido: a igreja de São Francisco de Assis, ele que foi um dos pioneiros do ecumenismo ao tratar a todos por irmãos. Todos os pormenores da celebração foram pensados cuidadosamente, não só para que fosse um hino de adoração ao Senhor, mas também para que se não ferisse susceptibilidades. Por outro lado, era importante que todos os presentes conhecessem um pouco das cerimónias e ritos religiosos de cada uma das comunidades. Apesar de algumas diferenças, reforçou-se a ideia segundo a qual são maiores as proximidades do que as distâncias, mormente em relação aos ortodoxos, que durante muito tempo estiveram unidos aos católicos. Ontem, porventura, a maior distância esteve na língua, designadamente russa e ucraniana. E o exemplo mais significativo foram as Bem-aventuranças e o Credo. A celebração foi orientada por monsenhor Joaquim Morais, reitor do Sameiro, coadjuvado por dois padres ucranianos, Vasil e Dimitri. Na homilia, o padre Costa Santos, do sector da Cultura e Diálogo, da Arquidiocese de Braga, citando frases bíblicas, de filósofos, poetas e pensadores, lembrou que é preciso acolher bem os povos que «estão na nossa terra». «Todos somos peregrinos e toda a pátria é terra estranha», disse. O sacerdote recordou, igualmente, a frase dita aos judeus, que também foram escravos nos Egipto, e que portanto deviam tratar os outros com humanidade. «Acolher o estrangeiro como o outro é reconhecer- se como um eu face a um tu, é humanizar-se e não coisificar-se», citou. Balanço positivo Esta foi a segunda edição da Festa dos Povos e Armindo Cancelinha, da organização, fez um balanço positivo da iniciativa, que é para continuar. «O balanço é positivo. A participação das comunidades foi muito boa, mostraram um pouco da sua gastronomia, do seu artesanato, os seus trajes, as suas músicas e danças, enfim, toda a riqueza cultural, que também nos enriqueceu. De qualquer forma, no futuro, vamos tentar envolver as comunidades também na organização. Queremos que as associações de imigrantes se aproximem umas das outras e se aproximem mais de nós, porque queremos ajudá- las», afirmou. Este responsável destacou o cumprimento integral do programa e sublinhou a participação dos bracarenses, particularmente no sarau cultural de anteontem à noite na Avenida Central, que esteve bastante composta. A Festa dos Povos é uma organização do Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes da delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, da Cáritas Arquidiocesana, da Comissão Justiça e Paz, do Grupo de Intervenção para a Escolarização da Etnia Cigana e da Pastoral da Mobilidade.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top